A PSP admite apresentar reclamação ao secretário-geral da Assembleia da República contra a GNR por usurpação de funções, no seguimento da “escolta” feita por um elemento da Guarda à deputada do Livre.
A PSP lembra que a repartição de competências com a GNR atribui à Polícia de Segurança Pública o controlo da circulação, permanência e saída de pessoas das instalações da Assembleia da República, bem como apoiar o exercício das funções dos funcionários do Parlamento colocados nas portas de acesso.
Na terça-feira, Joacine Tavares Moreira pediu a um elemento da GNR que a acompanhasse no Parlamento, porque não queria continuar a ser questionada pelos jornalistas.
O episódio gerou polémica e foi justificado pelo assessor da deputada com o facto de os jornalistas perturbarem o trabalho parlamentar.
Na quarta-feira, a secretaria geral da Assembleia da República esclareceu que os oficiais da GNR de São Bento só podem acompanhar os deputados quando estiver em causa a sua segurança.
Foram, por isso, pedidas explicações aos serviços de segurança do Parlamento. Segundo o “Observador”, os esclarecimentos foram pedidos pelo gabinete de Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, ao secretário-geral do Parlamento, tendo Albino de Azevedo Soares confirmado ao jornal que a escolta “não devia ter acontecido”.
“Os serviços de segurança não deviam ter disponibilizado um elemento para acompanhar a deputada, porque não estava em causa a sua segurança física”, declarou.
Ainda na quarta-feira, e na sequência do episódio da escolta, Joacine Katar Moreira veio pedir respeito aos jornalistas.
"Eu acho que é necessário nós começarmos a respeitarmo-nos uns aos outros. Se vos foi avisado, antecipadamente, que eu ontem [terça-feira] não iria dar entrevista absolutamente nenhuma, o que se espera é que haja respeito", afirmou aos repórteres presentes no Parlamento.
Em queda Livre?
As polémicas a envolver Joacine Katar Moreira começaram na sexta-feira passada, dia 22, quando a deputada única do Livre se absteve num voto sobre a Palestina, o que representou uma falta de concordância com os princípios defendidos pelo partido.
A direção do Livre diz ter ficado “perplexa” com o sentido de voto e a deputada acusou o partido de não ter estado disponível para falar com ela.
No fim-de-semana, a assembleia do partido reuniu-se e o problema pareceu ter ficado sanado.
No entanto, no arranque desta semana, Joacine Katar Moreira voltou a ser notícia ao falhar o prazo para apresentar uma iniciativa legislativa sobre nacionalidade, uma das principais bandeiras do Livre.
Foi na sequência deste atraso que os jornalistas quiseram interpelar a deputada nos corredores do Parlamento e o assessor pediu a intervenção da GNR, acusando os jornalistas de perturbarem o trabalho parlamentar.
Nesta quinta-feira, surge a notícia de que um dos membros fundadores do Livre, Miguel Dias, vai deixar o partido, justificando a decisão com "uma questão de forma e de postura política" na qual deixou de se rever.