Sem maioria absoluta, o presidente reeleito da Câmara Municipal de Évora, Carlos Pinto de Sá (CDU), espera que a oposição que vai encontrar no seu terceiro e ultimo mandato, esteja disponível para dialogar para que o município não se torne ingovernável.
“Vamos procurar dialogar com as forças politicas e encontrar consensos respeitando a diferença”, para que sejam encontradas “respostas para a população de Évora”, referiu o autarca comunista, depois de serem conhecidos os resultados eleitorais.
Pinto de Sá espera que “haja disponibilidade para dialogar”, estando “todas as opções em aberto”, inclusivamente “para poder ponderar propostas diferentes, como aliás já o fizemos no passado”.
Refira-se que o novo executivo camarário vai ser constituído por dois eleitos da CDU (perdeu dois), dois do PS, dois da coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM e um da coligação Nós, Cidadãos!/RIR.
Apesar deste cenário, que se antevê complexo, o presidente reeleito disse sentir “uma grande alegria” com a vitória nestas autárquicas, referindo que a votação da coligação PCP/PEV foi penalizada.
“Foram dois mandatos extraordinariamente difíceis” e a votação “mostra que fomos penalizados, exatamente, porque houve um conjunto de questões às quais não conseguimos responder como gostaríamos”, reconheceu.
“Essa resposta insuficiente decorreu da situação económica e financeira do município, que herdamos, e nos dificultou muito a vida, por isso tivemos que deixar um conjunto de questões para trás”, acrescentou Carlos Pinto de Sá.
Contas feitas, na capital de distrito a CDU (coligação PCP/PEV) obteve 27,44% dos votos, enquanto o PS, a segunda força mais votada, ficou com 26,27%, seguindo-se a coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM, com 19,07% dos votos.
Já a coligação Nós, Cidadãos!/RIR obteve 12,71%, o partido Chega ficou-se pelos 6,81% e o Bloco de Esquerda não conseguiu mais que 3,80%.
PS ganhou distrito, mas é o centro-direita que tem razões para festejar
Apesar de ter sido o partido mais votado no distrito de Évora, nestas eleições, o PS teve menos 3.631 votos. Em 2017, com 36,31%, recebeu 29.670 votos e, este domingo, conseguiu 26.039, não indo além dos 33,15%.
Embora perdendo a maioria absoluta, o PS segurou os municípios de Alandroal, Portel e Vendas Novas, tendo conquistado à CDU, as câmaras de Mora e Montemor-o-Novo (dois ‘bastiões’ comunistas), e ao movimento independente MiETZ, a autarquia de Estremoz.
O Partido Socialista deixou também abalar (expressão alentejana) o município de Reguengos de Monsaraz que liderava desde 1976. A autarquia até agora liderada por José Calixto, que concorreu à presidência da Câmara Municipal de Évora, fica agora entregue ao PSD. Do domínio socialista deixam de estar, igualmente, as autarquias de Mourão, onde ganhou a coligação PSD/CDS-PP, e de Viana do Alentejo, ganha pela CDU.
De resto, as coligações de centro-direita (PSD, (CDS-PP, MPT e PPM) bem podem cantar vitória, neste distrito que não lhes têm sido nada favorável. Além de Reguengos e Mourão, os partidos de centro-direita conquistaram as câmaras de Redondo ao movimento independente MICRE, e de Vila Viçosa à CDU.
Quanto à coligação PCP/PEV (CDU), perdeu nestas eleições 7.173 votos, comparativamente a 2017, deixando escapar os municípios de Mora, Montemor-o-Novo e Vila Viçosa. Conseguiu, contudo, reconquistar Viana do Alentejo aos socialistas e segurou por muito “poucochinho” a capital de distrito.
Apesar de se manter nas mãos dos comunistas, Évora enfrenta um desafio político que não se avizinha nada fácil: dois eleitos para a CDU, dois para o PS, dois para o PSD e um para o movimento independente apoiado pelo Nós, Cidadãos!/RIR.
No que diz respeito aos movimentos independentes, o distrito de Évora passou de três, para um. Estremoz volta às mãos dos socialistas e Redondo vira à direita. Resta o município de Borba, onde foi reeleito António Anselmo, pelo Movimento Unidos por Borba (MUB), ele que, recorde-se, é um dos arguidos no caso da derrocada da estrada municipal 255 que ocorreu em 2018.