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O investigador do Centro de Investigação em Educação, da Universidade do Minho, José Augusto Palhares, considera que a publicação do ranking das escolas está “a deturpar a educação”.
“Acho que estamos a deturpar um pouco a educação, há escolas muito boas em Portugal, do ensino público, que se ressentem claramente do fardo de serem escolas democráticas. Pode parecer irónico, mas é verdade”, diz o especialista.
Em entrevista à Renascença, no dia em que é publicado o ranking das escolas, José Palhares olha com desconfiança o documento também porque as escolas são classificadas por resultados que, em parte, são obtidos com trabalho feito fora da escola, sobretudo no caso dos alunos que têm melhores notas.
“Cerca de 40 a 45% destes estudantes de elevado rendimento académico na escola, no ensino secundário estão envolvidos em explicações fora da escola, muito embora a escola propicie apoios e ajudas suplementares, o que é certo é que grande parte destes estudantes prefere investir fora da escola”, explica.
Além das explicações, José Palhares adianta que estes estudantes provêm de “famílias com elevados níveis de escolaridade que têm proporcionado aos estudantes outro tipo de desempenho”.
“Estudos que desenvolvemos sobre a construção da excelência académica na escola pública mostram a importância das famílias de classe média escolarizadas”, que têm acesso a atividades como escolas de línguas estrangeiras e atividades de música ou dança.
Sobre o sucesso escolar dos alunos que saem do secundário, José Palhares diz ainda que “investigação já mostrou até à exaustão que quem melhor se dão e que mais sucesso têm no Ensino Superior não são os que vem provêm das escolas privadas, mas são aqueles que provêm das escolas públicas”.
“A escola pública consegue capacitar mais para a resiliência e para uma certa flexibilidade cultural que um estudante do ensino privado não leva”, remata.