BCE questiona reposição das 35 horas. Miguel Beleza sugere que se repense a medida
23-05-2016 - 15:28
 • Pedro Mesquita

Membro do conselho executivo do Banco Central Europeu questiona, em entrevista ao Público, as implicações orçamentais de uma reposição das 35 horas semanais na função pública e alerta para os custos da reversão de medidas.

O antigo governador do Banco de Portugal (BdP) Miguel Beleza aconselha o primeiro-ministro a levar a sério o alerta deixado por Peter Praet, membro do conselho Executivo do Banco Central Europeu (BCE), em entrevista ao Público.

Praet questiona as implicações orçamentais de uma reposição das 35 horas semanais de trabalho na função pública e alerta para os custos da reversão de medidas do anterior executivo. O responsável do BCE declara-se convicto de que o Governo português está bem ciente da fragilidade da situação e sublinha que “a disciplina do mercado ainda está presente”.

Em declarações à Renascença, Miguel Beleza sugere a António Costa que repense a reposição das 35 horas de trabalho semanais, porque "esta entrevista deve ser interpretada como um aviso sério".

"Já não estamos formalmente sob a vigilância da troika, mas os mercados estão preocupados connosco e com razão", sublinha o antigo governador do BdP, rematando: "Penso que António Costa deveria repensar a questão das 35 horas."

De acordo com o semanário "Expresso", o Presidente da República também terá fortes reservas na questão das 35 horas, admitindo, até, vetar a medida por considerar que se trata de um mau sinal para a Europa. Miguel Beleza concorda com Rebelo de Sousa: "Acho que que tem razão, porque é um péssimo sinal que se dá à economia, é um aumento de custos e é um tiro no pé."