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A história já mostrou que as crises são mais duras para os mais vulneráveis e os jovens entram nesse grupo.
No artigo publicado esta quarta-feira no blog da OIT, “Work in progress”, em que os especialistas da organização debatem as tendências do mundo do trabalho, Susana Puerto e Kee Kim lembram que, mesmo em altura de crescimento económico, é difícil, para os jovens conseguirem um “emprego decente”.
O ano passado, antes da pandemia, uma em cada cinco pessoas com menos de 25 anos (267 milhões de jovens em todo o mundo) eram classificados como “NEET”. Ou seja, não trabalhavam, estudavam ou estavam em formação.
E, segundo os especialistas da OIT, há cinco razões que mostram que os jovens, homens e mulheres (sobretudo, elas) serão particularmente afetados pelas consequências económicas da pandemia Covid-19.
Precários e mal pagos, os jovens são os primeiros a descartar
Os jovens são, geralmente, os primeiros a ter os horários reduzidos ou a ser dispensados quando as empresas enfrentam dificuldades. A falta de redes e de experiência pode ser um obstáculo na procura de outro emprego, levando-os para trabalho com menos proteção social e jurídica.
Os jovens empresários não estão em melhores condições, já que a falta de experiência pode dificultar a procura de recursos e financiamentos.
Três em cada quatro jovens, a nível global, trabalham na economia informal, por exemplo, na agricultura ou restauração.
Estes sectores, assim como os grossista, retalhista e de alojamento são os mais afetados pela Covid-19. E só na União Europeia, em 2018, um terço das pessoas com menos de 25 anos trabalhava nestas áreas. Para os especialistas da OIT, é muito provável que as mulheres sejam mais afetadas, já representam mais de metade dos trabalhadores desses setores.
A quarta razão prende-se com o facto de muitos jovens trabalhadores estarem em formas de emprego “atípicas”, como trabalho a tempo parcial, temporário, falso independente ou em plataformas digitais (uberização). Trabalhos mal pagos, com horários irregulares, sem segurança no emprego e com pouca ou nenhuma proteção social. Ou seja, sem acesso a subsídio de desemprego se o trabalho faltar.
Por último, dizem os especialistas da Organização Internacional do Trabalho, nalguns empregos, os jovens são mais facilmente substituídos, total ou parcialmente, por máquinas.
Legado pode durar décadas se os problemas forem ignorados
Por isso, Susana Puerto e Kee Kim consideram que “quando os líderes mundiais elaboram pacotes de apoio e estímulos, devem incluir medidas especiais para ajudar os jovens, sejam trabalhadores ou empresários”.
E alertam que não são apenas os indivíduos que são prejudicados pelo aumento do desemprego juvenil, “também há um enorme e longo custo para as nossas sociedades”. É que a entrada no mercado de trabalho em período de recessão económica pode levar a perdas significativas e persistentes de rendimentos dos jovens e podem durar toda a carreira. “Ao ignorar os problemas dos jovens trabalhadores corre-se o risco de desperdiçar talento, educação e formação, o que significa que o legado do surto Covid-19 pode durar décadas”.