O norueguês Erlend Bore estava a fazer uma caminhada na ilha de Rennesøy, no sul da Noruega, em pleno agosto, cumprindo o aconselhamento que lhe tinha sido dado pelo seu médico, quando ao sondar uma encosta com um detetor de metais este começou a dar sinal de que algo se encontrava debaixo da terra.
Bore tinha sonhado tornar-se arqueólogo em criança, mas ainda assim optou por seguir o protocolo definido para estas situações e chamou um grupo de especialistas em arqueologia ao local que o substituíram nas buscas.
Sem o saber, este norueguês de 51 anos estava prestes a ser responsável por uma das descobertas mais fascinantes dos últimos tempos, que os arqueólogos já saudaram como a “descoberta de ouro do século" na Noruega, refere o The Guardian.
Do pecúlio, que pesa pouco mais de 100 gramas, fazem parte nove medalhões de ouro e pérolas do mesmo metal que formavam um colar opulento, além de três anéis também de ouro.
"No início, pensei que eram moedas de chocolate ou moedas do Capitão Dente de Sabre", disse Erlend Bore, referindo-se a um pirata norueguês fictício. "Era totalmente irreal."
Ole Madsen, diretor do Museu de Arqueologia da Universidade de Stavanger, citado pelo The Guardian, garante que "encontrar tanto ouro de uma só vez é extremamente incomum."
Håkon Reiersen, professor associado na mesma instituição, explicou que "dada a localização da descoberta e o que sabemos de outros achados semelhantes” alguém terá tentado esconder os objetos enterrando-os, ou então pode tratar-se de “uma oferenda aos deuses durante tempos dramáticos".
Em todo o caso, os pingentes e pérolas de ouro fizeram parte de "um colar muito vistoso" feito por joalheiros habilidosos e usado pelos mais poderosos da sociedade, disse Reiersen.
O carácter único das peças encontradas prende-se com o desenho dos medalhões, acrescentam os arqueólogos que estão a estudar o achado.
Tradicionalmente, os símbolos nos pingentes mostravam o deus nórdico Odin curando o cavalo doente de seu filho, uma cena retirada da mitologia nórdica.
No caso dos objetos agora encontrados, a língua do cavalo fica pendurada nos pingentes de ouro, e "a sua postura caída e pernas torcidas mostram que ele está ferido", refere o professor Sigmund Oehrl, que também trabalha no Museu Stavanger, citado pelo The Guardian.
"O símbolo do cavalo representava a doença e a angústia, mas ao mesmo tempo a esperança de cura e vida nova", acrescentou Oehrl.
De acordo com a lei norueguesa, Bore e o proprietário receberão uma recompensa, embora o valor ainda não tenha sido determinado. Os objetos anteriores a 1537 e as moedas anteriores a 1650 são considerados propriedade do Estado e devem ser entregues ao cuidado de entidades competentes.