A economia portuguesa cresceu 2,8% no 1.º trimestre do ano, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Esta aceleração resultou do maior contributo da procura externa líquida, que passou de negativo para positivo, reflectindo a aceleração em volume mais acentuada das Exportações de Bens e Serviços que a das Importações de Bens e Serviços.
A procura interna manteve um contributo positivo elevado, embora inferior ao do trimestre precedente, verificando-se uma desaceleração do consumo privado e uma aceleração do investimento.
Já eram esperados dados positivos para o primeiro trimestre, mas nenhum analista se aproximou dos 2,8% agora divulgados.
Foi o mais rápido crescimento dos últimos 10 anos, de acordo com o INE, que atribui o crescimento ao contributo positivo mais forte da procura externa.
Costa e Marcelo satisfeitos
O primeiro-ministro, António Costa, defendeu que estes números comprovam que “a confiança dos portugueses não era infundada” e que a combinação de políticas “está adequada”.
Costa recorda que as previsões do Governo eram “mais conservadoras” do que os dados divulgados esta segunda-feira. “Isto demonstra bem que temos tido uma combinação equilibrada de políticas que nos permitiu ter o menor défice e também o maior crescimento dos últimos anos”, acentuou.
Para o primeiro-ministro, os números do INE “mostram que é possível alcançar melhores resultados” e “confirmam que a prioridade que foi dada à reposição de rendimentos das famílias portuguesas não comprometeu a competitividade, pelo contrário, reforçou a coesão e a confiança, que são indispensáveis ao crescimento”.
“Acho que temos boas razões para estarmos confiantes”, acrescentou Costa, embora indicando que há ainda “todo um ano pela frente”.
Já o Presidente da República manifestou-se “feliz” com os números, mas pede que “não se embandeire em arco” e se mantenha o valor ao longo do ano para que Portugal possa crescer “claramente acima dos 2%”.
“Vamos ver se se mantém, se se mantiver pode dar um número histórico”, afirmou, escusando-se a pronunciar se o Governo poderá rever em alta a sua previsão de crescimento para este ano.
“É uma decisão do governo, não me pronuncio. Permite esperar, se se mantiver, um valor muito positivo para este ano, mas é preciso que se mantenha para se atingir aquilo que é fundamental que é um crescimento acima de 2%”, disse.
Catroga vê "perfil saudável"
Ouvido pela Renascença, o ex-ministro das Finanças do PSD Eduardo Catroga comenta que se trata de um sinal positivo, mas defende que o mais importante é Portugal continuar a ter um perfil saudável.
"É um sinal positivo na medida em que estamos a dar sinais de que poderemos acompanhar a aceleração da actividade económica em Espanha, na Grécia e no conjunto da União Europeia. Mas é um sinal também positivo de que estamos a ter um perfil saudável."
"Sempre defendemos que para uma pequena economia aberta para o exterior, como é a portuguesa, a retoma do crescimento económico deve ser liderada pelas exportações, depois pelo investimento e só depois pelo consumo, no sentido de não criarmos condições, a prazo, para novos desequilíbrios externos. Agora só faço votos para que todas estas boas tendências se confirmem nos trimestres seguintes", diz Eduardo Catroga.
[Notícia actualizada às 13h59]