Banqueiros desvalorizam alta de preços no imobiliário e rejeitam hipótese de "bolha"
25-09-2018 - 14:51

Na Conferência sobre Supervisão Comportamental Bancária, a generalidade dos banqueiros defendeu que o quadro é "bastante razoável" e, por isso, "gerível". Mais cauteloso mostrou-se o governador do Banco de Portugal, que apontou situações de "euforia".

Os banqueiros dos principais bancos do país não colocam a hipótese de haver uma bolha no mercado imobiliário e consideram a atual subida de preços como normal.

As mostras de confiança foram dadas esta terça-feira, em Lisboa, numa conferência organizada pelo Banco de Portugal.

O CEO do Novo Banco, António Ramalho, classificou a situação relativamente ao mercado imobiliário como "gerível". Para o banqueiro, o facto de os preços estarem a subir deve-se à falta de investimento no setor e à falta de autorizações para construir e licenciar imóveis.

Esta opinião é partilhada pelo presidente-executivo do BCP, Miguel Maya, que desvaloriza a ideia de bolha imobiliária. "O que se passa é que mercado está mais quente”, argumentou. Segundo o presidente-executivo do BCP, os preços altos em Lisboa e Porto devem-se a uma internacionalização do interesse no investimento imobiliário.

O presidente do mesmo banco, Paulo Macedo,considera fundamental distinguir o mercado residencial nas grandes cidades do mercado industrial que, considera, "tem preços ainda baixos".

Já o CEO do BPI, Pablo Forero, detido pelo grupo espanhol Caixabank, diz que "os bancos estão a fazer um trabalho sério e prudente" no mercado imobiliário e compara a situação portuguesa com a espanhola, onde se viveu uma bolha imobiliária. "Em Portugal, a situação é bastante razoável", defendeu.

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, assume uma posição mais cautelosa. Costa abriu a Conferência sobre Supervisão Comportamental Bancária afirmando que "há o sentimento de que todos estão a tomar uma boa decisão, embora coletivamente haja um grande risco crescente, resultante da interação dessas decisões".

Carlos Costa alertou ainda para "situações de euforia no mercado residencial e hipotecário" e os agentes financeiros devem ter em conta as suas decisões, como um todo, pois "são determinantes para a estabilidade financeira".