Pacto Ecológico Europeu não pode deixar ninguém para trás, diz Timmerman
02-12-2020 - 20:43
 • Lusa

Os recursos naturais colocam Portugal na ‘pole position’ para a transição energética, considera o comissário europeu, no primeiro dia do Web Summit.

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O vice-presidente executivo da Comissão Europeia para o Pacto Ecológico Europeu disse esta quarta-feira, durante uma curta entrevista no âmbito da conferência tecnológica Web Summit, que “ninguém pode ficar para trás” com a transição verde.

No primeiro dia da Web Summit – que, este ano, devido à pandemia, acontece em formato exclusivamente virtual –, o holandês Frans Timmermans repetiu a ideia umas três vezes, ao longo da conversa com uma jornalista portuguesa: “Ninguém pode ficar para trás”.

Sublinhando que “os investimentos têm de ser orientados para o futuro”, o comissário insistiu que a transição verde “não pode ser só para os ricos ou só para os jovens” e que “é decisivo” abarcar toda a gente.

Frans Timmermans reconheceu que é natural que a Covid-19 preocupe os cidadãos europeus, mas recordou que a pandemia “não fez desaparecer as alterações climáticas”, cujos efeitos continuam a ameaçar a biodiversidade e a humanidade.

Por outro lado, destacou, a pandemia levou as pessoas a perceberem que “há algo de errado na forma como nos relacionamos com o ambiente” e que é necessário encontrar um reequilíbrio e “viver de forma mais saudável”.

Mesmo nas cidades, as pessoas perceberam rapidamente, durante o confinamento, como é importante ter ar puro e espaços verdes, notou.

A pandemia levou os europeus a confrontarem-se com a sua “vulnerabilidade coletiva”, reflete. E, apesar de não o terem feito logo, desde o início, perceberam agora que são “mais fortes quando agem juntos, enquanto europeus”.

A propósito da Web Summit, Frans Timmermans destacou o contributo da inovação para a transição verde. “A tecnologia é complicada, mas é suposto facilitar-nos a vida”, disse.

Redução de emissões, novas políticas energéticas, mudanças nos transportes, veículos elétricos, painéis solares, reforma da Política Agrícola Comum – as metas são muitas e diversificadas, mas todas precisam de tecnologia para acontecerem.

“A digitalização vai desempenhar um papel muito importante, mas tem de ser combinada com o ambiente”, frisou.

O comissário vê em Portugal um exemplo “encorajador” do ponto de vista ambiental e energético.

“Portugal é uma das forças motrizes do Pacto Ecológico Europeu”, assinalou, referindo os “ativos incríveis” de que o país dispõe para levar a cabo a transformação.

“A única coisa que lhe falta é centralidade [geográfica] e, por isso, tem de apostar em conectar-se ao resto do mundo”, realça.

Os recursos naturais (sol, vento, mar) “colocam Portugal na ‘pole position’ para a transição energética”, assevera, mencionando o caso concreto do hidrogénio, “uma enorme oportunidade [para Portugal], porque já tem alguma experiência” no assunto.

Considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo, a Web Summit arrancou esta quarta-feira e decorre até 4 de dezembro, pela primeira vez totalmente online, esperando "um público estimado de 100 mil" pessoas.

Após duas edições realizadas em Lisboa (2016 e 2017), a Web Summit e o Governo português anunciaram, em outubro de 2018, uma parceria que mantém a conferência na capital portuguesa até 2028.