O secretário-geral da NATO considera que a UE não consegue proteger a Europa sozinha, pelo que qualquer iniciativa de reforço militar comunitário terá de ser complementar à Aliança Atlântica.
“Precisamos também do maior envolvimento possível dos aliados da NATO que não pertencem à UE, porque são importantes para a segurança da Europa. A UE não pode proteger a Europa sozinha e isto já foi dito claramente por líderes europeus”, disse hoje o norueguês, numa conversa com jornalistas europeus integrados numa visita organizada pela delegação norte-americana na Aliança Atlântica.
Jens Stoltenberg reiterou que tem “aplaudido o aumento do esforço da UE na Defesa”, porque acredita que esse esforço “pode aumentar as capacidades da Europa na Defesa e também podem resolver alguma da fragmentação das capacidades militares na Defesa da Europa”.
A fragmentação das capacidades, como referiu Stoltenberg, “aumenta os custos e torna mais difícil a interoperabilidade”.
“Para vos dar um exemplo, na Europa existem 11 tipos diferentes de carros de combate do tipo MBT (Main Battle Tank), os Estados Unidos têm um, encarecendo a manutenção e o treino das tripulações. Na Europa há 30 tipos diferentes de veículos de combate para infantaria, os EUA têm três. Na Europa há 31 tipos de navios de guerra, nos Estados Unidos há seis”, exemplificou.
Por isso, disse, qualquer iniciativa da UE para lidar com este problema – aumentando a sua despesa com a Defesa – é bem-vinda.
“Mas há que evitar a duplicação. E isto foi dito claramente pela UE, uma e outra vez, que não querem duplicar a NATO. Por isso não podemos começar a construir estruturas de comando alternativas. Isso duplicaria a NATO e seria como se a UE começasse a competir com a NATO. Isso não faria qualquer sentido”, concluiu.
Stoltenberg também explicou por que razão acha que a UE é incapaz de se defender militarmente sozinha. “Se olharmos para as capacidades, temos de nos lembrar que após o 'Brexit', 80% dos gastos em Defesa da NATO virão de aliados não-UE. E trata-se de geografia: É difícil de imaginar a defesa da Europa sem a Noruega no norte, no mar de Barents, sem a Turquia no sul e sem os Estados Unidos, o Canadá e o Reino Unido a oeste”, salientou.
A UE lançou no final de 2017 a iniciativa PESCO (Permanent Structured Cooperation on Security and Defence, na designação em inglês), uma iniciativa de defesa conjunta que, tal como a NATO, atribui a vários países metas de investimento em capacidade militar.
Os países envolvidos ― Áustria, Bélgica, Bulgária, República Checa, Croácia, Chipre, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Irlanda, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Holanda, Polónia, Portugal, Roménia, Eslovénia, Eslováquia, Espanha e Suécia ― coincidem, na sua grande maioria, com as nações na NATO.
A Áustria, o Chipre, a Finlândia, a Irlanda e a Suécia não pertencem à NATO.