Cerca de 30 carros circulam esta quinta-feira em marcha lenta entre as Caldas da Rainha e Óbidos, num protesto promovido por um grupo de cidadãos que reivindica a construção do novo hospital do Oeste na confluência destes dois concelhos.
Organizada pelo movimento “Falo pela tua Saúde”, a caravana vai circular entre as Caldas da Rainha e Óbidos durante toda a manhã para despertar a população da região para “o estado da Saúde no Oeste” e contestar a decisão anunciada pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, de localizar o novo hospital do Oeste (NHO) no Bombarral, explicou à agência Lusa o porta-voz, Jorge Reis.
“Depois de todas estas notícias que deixam completamente desagradada toda a população do Oeste Norte, está na altura de, principalmente o concelho das Caldas, se unir em torno de uma causa”, disse o representante, sustentando que a melhoria dos cuidados de saúde “não pode ser dissociada da construção do novo hospital”.
O movimento recusa aceitar que o concelho das Caldas da Rainha perca o hospital, uma das três unidades que integram o Centro Hospitalar do Oeste (CHO), a par dos hospitais de Peniche e Torres Vedras, os quais serão substituídas pelo NHO.
O movimento contesta ainda a “degradação da assistência à população” no atual hospital, onde “o que era anormal passou a ser a normalidade”, explicou Jorge Reis, exemplificando com o facto de “muitas vezes não haver urgência de Ortopedia - era anormal, passou a ser normal -, não haver Medicina Interna na urgência, que era anormal e passou a ser normal.
Por isso, os cidadãos reivindicam não apenas a construção do novo hospital neste concelho, mas também que, “até lá, a unidade das Caldas da Rainha seja requalificada”.
Alguns populares da freguesia da Benedita, no concelho de Alcobaça, servidos pelo hospital das Caldas da Rainha, juntaram-se hoje à marcha lenta, segundo o participante José Belo, para mostrar “o primeiro grito de revolta” contra “tanta incompetência a dirigir o país”.
Para o manifestante, “é gritante o que se está a passar” com a remodelação hospitalar, que poderá significar que os utentes da Benedita passem a ser servidos pelo hospital de Leiria.
“Se nos quiserem mandar para Leiria, estamos a falar de uma distância superior a 50 quilómetros, quando tínhamos o hospital das Caldas a cerca de 20 quilómetros”, lamentou, defendendo que “poderiam melhorar as condições” desta unidade, mas, ao invés, “querem pôr um novo hospital mais próximo do de Vila Franca Xira”.
O presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Vitor Marques, não participou na marcha, mas manifestou esta manhã, no início da concentração, apoio à “mobilização feita por pessoas que não se reveem” na decisão de construir o hospital no Bombarral e “querem mostrar a sua insatisfação”.
O autarca sublinhou que a luta pela construção do hospital na confluência dos concelhos das Caldas da Rainha e de Óbidos “é algo que move a todos”, destacando a necessidade de que “todos possam estar juntos”, quer nas iniciativas promovidas por grupos de cidadãos, quer em protestos organizados pelo município.
A marcha lenta vai percorrer várias ruas da cidade das Caldas da Rainha, dirigindo-se depois para o vizinho concelho de Óbidos, e regressando à cidade, para terminar com uma passagem em frente ao hospital.
O protesto decorre simbolicamente enquanto na Assembleia da República se debate o estado da nação.
Em novembro, a Comunidade Intermunicipal do Oeste entregou um estudo encomendado à Universidade Nova de Lisboa para ajudar o Governo a decidir a localização do novo hospital, documento que apontava o Bombarral, concelho vizinho de Óbidos, como a localização ideal.
Posteriormente, em março, as câmaras das Caldas da Rainha e de Óbidos entregaram ao ministro um parecer técnico a contestar os critérios utilizados no estudo, a defender que fossem tidos em conta outros critérios e que a localização do novo hospital deveria ser na confluência daqueles dois concelhos.
Em junho, o ministro anunciou que o novo hospital será construído na Quinta do Falcão, no Bombarral, substituindo os três hospitais do CHO.
Estas unidades têm uma área de influência constituída por estes concelhos e pelos de Óbidos, Bombarral (ambos no distrito de Leiria), Cadaval e Lourinhã (no distrito de Lisboa) e de parte dos concelhos de Alcobaça (Leiria) e de Mafra (Lisboa), abrangendo 298.390 habitantes.