Centenas de proprietários de Alojamento Local (AL) de todo o país estão esta quarta-feira a a manifestar-se à porta da Feira Internacional de Lisboa (FIL), onde hoje começou a maior feira de turismo do país, a BTL.
O objetivo é contestar as medidas anunciadas pelo Governo no Programa Mais Habitação, que vão causar grandes constrangimentos à atividade do Alojamento Local.
O protesto foi convocado nas redes sociais por Carla Costa Reis, que dinamiza no Facebook a página ALesclarecimentos.
Aos jornalistas, Carla Reis referiu que, quando viu as medidas, sentiu-se desrespeitada e sem perceber como poderão resolver o problema da habitação. Além disso, defende, podem significar o desemprego para milhares de pessoas.
"Neste momento tenho nove colaboradores, todos trabalhamos em Alojamento Local, a nossa vida e o nosso emprego dependem disso. A vida e o emprego das lavandarias, dos carpinteiros, dos canalizadores, dos pintores, de todas as pessoas e famílias que trabalham e fazem serviços para Alojamento Local, são os nossos empregos que estão em causa."
A nível nacional, indica Carla Reis, serão "mais de 50 mil as famílias que vivem do trabalho que prestam para Alojamento Local", incluindo muitos "pequenos empreendedores, pessoas com um apartamento que dependem do dinheiro para pagar o seu empréstimo".
Para o presidente da ALEP – Alojamento Local em Portugal, as medidas que o Governo anunciou são desproporcionadas.
Eduardo Miranda considera mesmo que são uma irresponsabilidade, porque matam a atividade e têm impacto nas pessoas que dela dependem, e diz que o AL não pode ser bode expiatório na resposta aos problemas na habitação.
"Estamos aqui para mostrar estes testemunhos. Por trás do alojamento local há gente, há emprego, e essas medidas matam, a curto, médio e longo prazo, um setor que hoje é 42% do turismo."
Para Eduardo Miranda, "isto é uma irresponsabilidade", motivo pelo qual ainda acredita que o Governo altere a sua posição.
"Esperamos muito bem que se pense melhor, estamos sempre disponíveis para olhar para um futuro sustentável, mas não isso. Basta de usar o Alojamento Local como bode expiatório para os problemas da habitação."
Segundo Eduardo Miranda, em 2019, 42% das dormidas foram garantidas pelo Alojamento Local e em 2022 o número é da mesma ordem.
À manifestação de hoje juntaram-se também dirigentes partidários, entre eles Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, que considera que o Governo não vai ter outro remédio senão recuar nestas medidas.
"Só há essa possibilidade, agora eu não sei se o Governo de António Costa e se o próprio primeiro-ministro ainda estão num estado de bom senso que lhes permita perceber que aquilo que estão a fazer é prejudicar o país, aquilo que estão a fazer não é a resolver um problema da habitação."
Para Rui Rocha, "o problema da habitação é um problema real, mas não se resolve aniquilando uma atividade legal de pessoas que investiram, que fizeram o seu trabalho, muitas que se endividaram".
"Não é assim que se resolve o problema da habitação."
Carla Reis, a organizadora do protesto, calcula que serão cerca de 2 mil as pessoas que participaram na manifestação, muitas munidas de cartazes e autocolantes em que alertam que "Matar o Alojamento Local é matar o Turismo".
Entre as palavras de ordem, o que mais se ouve é “Costa para a rua, a casa não é tua”.