As autoridades ucranianas informaram a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) de que a empresa estatal nuclear russa Rosatom enviou um grupo de especialistas para Zaporíjia, a maior central nuclear da Europa, no sul da Ucrânia.
Segundo um comunicado, os especialistas têm "exigido à direção do complexo relatórios diários sobre 'questões confidenciais', como a operação da central nuclear, que abrange aspetos relacionados com (...) atividades de manutenção e reparação, segurança e controlo de acesso e gestão de combustível. nuclear".
O grupo foi enviado pela Rosenergoatom, uma subsidiária da empresa Atomenergoprom, que faz parte do grupo estatal nuclear russo Rosatom, referiram as autoridades ucranianas.
O comunicado sublinhou ainda que o pessoal da central de Zaporíjia está a "trabalhar sob uma pressão incrível", embora "continue a cumprir as suas funções e a manter, na medida do possível durante a guerra, a segurança das instalações nucleares" no país.
As forças russas controlam a central desde 4 de março.
Na quinta-feira, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, admitiu estar preocupado com a central de Zaporíjia, à qual a agência da ONU não tem acesso desde o início da invasão da Ucrânia.
"Está no topo da minha lista de preocupações quando se trata da situação das instalações nucleares na Ucrânia", disse Grossi, citado pela agência France Presse.
A central "ainda está sob controlo russo, o regulador ucraniano não tem qualquer controlo, pelo que temos de fazer uma série de tarefas o mais rapidamente possível, tanto em termos de atividades de inspeção, monitorização e segurança", disse Grossi.
"Temos de voltar a Zaporíjia, é extremamente importante", insistiu o chefe da AIEA.
Grossi disse que a AIEA recebeu vídeos sobre o sobrevoo da central por mísseis a baixa altitude, esta semana, denunciado pelas autoridades ucranianas.
"Estamos a verificar, mas se tal desenvolvimento for confirmado, seria muito grave", afirmou.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou cerca de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,4 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.