Ainda é cedo para afirmar quando poderemos atingir a imunidade de grupo perante o novo coronavírus, mas o que se sabe até agora permite afirmar que é necessário que entre 60 a 70% da população esteja imunizada, afirmou nesta segunda-feira o presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
“Em relação a este vírus, acredita-se que entre 60% e 70% das pessoas imunizadas sejam suficientes para provocar imunidade de grupo – ou seja, a partir dessa altura, o vírus não tem mais condições para se transmitir, para se propagar”, respondeu aos jornalistas, durante a conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a situação epidemiológica em Portugal.
“Não estando extinto, deixa de ter condições para” se propagar, reforçou. Fernando Almeida, exemplificando: num “grupo de 10 pessoas onde há três imunizadas, há grande probabilidade de o vírus se transmitir – três pessoas não conseguem impedir. Mas se estiverem sete pessoas imunizadas, já o vírus não tem grandes condições para se transmitir e consideramos que se está a atingir a imunidade de grupo”.
O primeiro inquérito serológico feito em Portugal na sequência da pandemia de Covid-19 não revelou os resultados desejados.
“Há cerca de um mês, o Instituto Ricardo Jorge publicou os resultados preliminares do inquérito serológico nacional e os níveis de anticorpos não eram, de todo, aqueles que ambicionaríamos”, lembrou Fernando Almeida. “Mas estão em linha com o que se passa na Europa e no mundo”, ressalvou.
O presidente do INSA destaca que este estudo piloto foi o primeiro “de mais cinco inquéritos serológicos” que o Instituto irá fazer em 2020 e 2021, “para perceber que tipo de imunidade existe e se é ou não duradoura”.
“Estamos a lidar com este vírus há cerca de cinco, seis meses, o que é muito pouco em termos de investigação científica. Há imensos artigos, mas nem todos são consensuais em relação a esta matéria, por isso é que esta questão dos inquéritos serológicos é muito importante”, explica.
Fernando Almeida aproveitou o momento para falar da vacinação, insistindo que “todos os anos precisamos de ser vacinados para estarmos imunizados”.