Quase oito em cada dez chilenos votou a favor da mudança da Constituição do país, num referendo realizado no domingo.
Com praticamente todos os votos contados, 79% dos eleitores manifestou-se a favor do abandono da atual Constituição, que foi herdada dos tempos da ditadura militar de Pinochet.
O voto segue-se a meses de protestos e instabilidade que chegaram a levar perto de um milhão de chilenos para as ruas em manifestações contra o que consideram ser uma desigualdade enraizada e que se deve em grande parte à Constituição. Os críticos apontam sobretudo para o facto de a Constituição do Chile garantir que a setores fundamentais como a saúde, a habitação, a educação e as pensões se mantenham sob controlo do setor privado.
Em simultâneo com a pergunta sobre se queriam uma nova Constituição, os eleitores foram interrogados sobre a forma como esta devia ser redigida. Um total de 79% disse que deve ser por uma assembleia constituinte inteiramente eleita. A alternativa era ter uma assembleia mista, com 50% dos lugares preenchidos por congressistas.
O resultado do referendo foi recebido com festejos nas ruas e foi saudado pelo Presidente Augusto Piñera, que reconheceu que a Constituição atual é “divisiva” e pediu que os chilenos “trabalhem juntos para que a nova Constituição seja um garante de unidade, estabilidade e futuro”.
Piñera elogiou ainda a forma como o referendo decorreu. “Hoje venceram os cidadãos e a democracia, hoje a unidade prevaleceu sobre a divisão e a paz sobre a violência. E isto é um triunfo para os chilenos que amam a democracia, a unidade e a paz, sem dúvidas”.
Uma vez eleita, a assembleia constituinte terá até dez meses para redigir um novo documento, que será depois posta à consideração do povo noutro referendo.