A Galp e a Northvolt anunciaram esta quarta-feira que a cidade portuária de Setúbal foi escolhida como local para a instalação da fábrica de conversão de lítio da "joint venture" Aurora, que “pretende ser a rampa de lançamento para o desenvolvimento de uma cadeia de valor integrada de baterias de lítio na Europa”.
Em comunicado enviado à Renascença, a Galp e os suecos da Northvolt referem que a fábrica, “uma das maiores e mais sustentáveis da Europa”, deverá ter uma capacidade de produção anual inicial “entre 28.000 e 35.000 toneladas de hidróxido de lítio - um material essencial para a indústria de fabrico de baterias de ião-lítio, que deverá crescer significativamente até 2030”.
O projeto "Aurora", apresentado em Lisboa em dezembro de 2021 e detido “a 50%-50%” pelas duas empresas, representa um investimento de 700 milhões de euros, e “fará uso de energia verde para alimentar o processo de conversão, minimizando assim a dependência do gás natural como acontece na abordagem convencional”.
“A fábrica utilizará um processo de conversão comprovado, aproveitando os recentes avanços e tecnologias de processamento para aumentar a sustentabilidade e eficiência da operação”, lê-se no comunicado.
Citado na mesma nota, o CEO da Galp indica que “este é o tipo de projeto que Portugal e a Europa devem desenvolver para o crescimento económico e para a construção de um futuro energético sustentável”.
Para Andy Brown, “garantir materiais produzidos de forma sustentável para uma indústria de baterias em crescimento exponencial é uma prioridade estratégica para a Europa”, agradecendo ao município de Setúbal “por nos acolher e esperamos que a nossa parceria seja geradora de emprego e de valor económico".
Esta unidade avançada de conversão de lítio, deverá criar cerca de 200 postos de trabalho diretos e três mil indiretos na região, ficando instalada no Parque Industrial Sapec Bay, em Setúbal.
“Estamos muito orgulhosos por este ter sido o município escolhido, que, como é reconhecido, tem áreas industriais qualificadas, boas acessibilidades rodoviárias, ferroviárias e portuárias e uma cidade e um meio social e cultural igualmente atrativos”, refere o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, na reação enviada à Renascença.
O autarca sublinha que o concelho “merece este investimento”, recordando que “a Câmara Municipal e as juntas de freguesia têm investido na qualificação deste território”, o que é reconhecido como sendo “o resultado de uma grande vontade de fazer mais Setúbal”.
Embora “não exista ainda uma decisão final de investimento”, a joint venture planeia o início das operações “até ao final de 2025 e o início das operações comerciais em 2026”.
"Esta unidade em Setúbal representa um marco para a Europa no caminho para a construção de um ecossistema completo de baterias no continente, ao mesmo tempo que demonstra uma abordagem sustentável ao processo de conversão do lítio", refere, por seu lado, Paolo Cerruti, Co-Fundador e COO da Northvolt.
Entre as várias opções possíveis, Setúbal reúne todos os requisitos estabelecidos pela Aurora, nomeadamente, “acesso a infraestruturas, caminhos-de-ferro e instalações portuárias”.
É também “um local ideal para obter reagentes, e está próximo de utilizadores de subprodutos, nomeadamente as indústrias do cimento e do papel e pasta de papel”, afirmam os investidores.
A unidade deverá ter capacidade para produzir hidróxido de lítio suficiente “para uma produção anual de baterias equivalente a 50 GWh”, valor suficiente para equipar “700.000 veículos elétricos”, e a Northvolt garante “um consumo de até 50 por cento da capacidade” da fábrica setubalense para utilização nas baterias fabricadas.
“Os parceiros da joint-venture estão irredutíveis quanto à aplicação dos mais elevados padrões de sustentabilidade, nomeadamente na extração e concentração de espodumena, no processamento de hidróxido de lítio, bem como em todos os processos relacionados”, assegura o consórcio.