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A recuperação total daquele que é já considerado o “maior apagão informático” da história deverá demorar “algum tempo”, admitiu esta sexta-feira o patrão da empresa de cibersegurança Crowdstrike, que está no “olho do furacão”.
O BCS, instituto de tecnologias de informação (TI) do Reino Unido, vai mais longe e prevê que poderá demorar “dias ou semanas” até que a normalidade esteja completamente restabelecida, embora algumas correções sejam mais fáceis de implementar.
“Em alguns casos, a correção pode ser aplicada muito rapidamente”, disse Adam Leon Smith, do BCS, citado pelo jornal "The Guardian". No entanto, noutras situações em que o sistema não arranca, "pode ser difícil recuperar o computador e isso pode levar dias e semanas".
Os sistemas já começaram a recuperar gradualmente, após várias horas caóticas. O problema afetou muitos milhares de clientes de todo o mundo com o sistema operativo da Microsoft Windows 10, na sequência de atualização num sistema de segurança da empresa norte-americana Crowdstrike.
Tratou-se de um "bug" ("erro") informático na atualização do sistema de segurança. A possibilidade de um ataque informático já foi afastada.
“Sabemos qual é o problema e conseguimos resolver o problema. Pode demorar algum tempo para alguns sistemas que não recuperam automaticamente, mas é a nossa missão garantir que todos os clientes recuperam totalmente”, declarou o patrão da Crowdstrike, George Kurtz, em entrevista à estação norte-americana NBC.
George Kurtz divulgou depois uma carta pública, em que pede desculpa pelo apagão global e garante que tudo vai ser feito para nunca mais voltar a acontecer.
Troy Hunt, um destacado consultor de segurança cibernética, disse que a escala desta falha de tecnologia de informação (TI) não tem precedentes.
“Não acho que seja cedo para dizer: esta será a maior interrupção de TI da história”, escreveu Troy Hunt na rede social X.
Da saúde aos transportes, passando pela banca, comércio ou comunicação social e entretenimento, o apagão informático afetou serviços um pouco por todo o mundo.
Os transportes aéreos foram uma das áreas mais afetadas. Mais de cinco mil voos foram cancelados, indica um balanço da empresa de análise de dados Cirium. O problema atingiu 4.6% das ligações aéreas programadas e complicou a vida a milhares de passageiros.
A ANA disse, durante a manhã desta sexta-feira, que eram esperados constrangimentos nos aeroportos portugueses já que há companhias aéreas e empresas de "handling" afetadas pela falha global no sistema da Microsoft, pedindo aos passageiros que se informem sobre o estado dos seus voos.
À medida que os computadores voltaram a funcionar, as empresas lidam agora com voos acumulados e consultas médicas atrasadas e cancelados, pedidos perdidos e outros problemas que podem levar dias a ser resolvidos.
As empresas também enfrentam questões sobre como evitar, através de planos de contingência, futuros apagões desencadeados pela tecnologia destinada a proteger os sistemas informáticos.
“Este evento é uma lembrança de quão complexos e interligados são os nossos sistemas de computação globais e quão vulneráveis eles são”, disse à agência Reuters Gil Luria, analista de software da D.A Davidson.
De acordo com este especialista, "a CrowdStrike e a Microsoft terão muito trabalho a fazer para garantir que não permitirão que outros sistemas e produtos causem esse tipo de falha no futuro”.