"Zona de morte". OMS coordena retirada total do hospital Al Shifa, em Gaza
19-11-2023 - 05:37
 • Salomé Esteves com Lusa

A Organização Mundial da Saúde coordenou missão de retirada de civis, pacientes e pessoal médico do hospital. 291 pessoas foram forçadas a permanecer, incluindo 32 bebés em estado crítico

"A OMS e os seus parceiros estão a elaborar com urgência planos para a retirada imediata dos restantes doentes, do pessoal e suas famílias", indicou a organização em comunicado divulgado na noite de sábado, precisando que permaneciam 291 doentes e 25 funcionários no hospital.

De acordo com a Associated Press, 32 destes pacientes são bebés em estado crítico, 22 pacientes a receber tratamento de hemodiálise, 29 com lesões na espinha dorsal que não podem ser movidos e outros com feridas severamente infetadas e que dependem de antibióticos que não estão disponíveis.

Segundo o jornal britânico The Guardian, pelo menos 30 bebés permaturos serão transferidos para hospitais no Egito.

Uma equipa das Nações Unidas percorreu o hospital depois de 2500 civis, pacientes e pessoal médico terem recebido ordem de Israel para abandonar as instalações no sábado de manhã, comunicou a Organização Mundial de Saúde.

A missão conjunta pretende garantir passagem segura por uma rota acordada com as forças israelitas. Contudo, o comunicado assegura que não deixa de ser uma missão de alto risco, por se tratar de um conflito ativo.

As forças israelitas descreveram a saída destas pessoas como voluntárias, mas os deslocados falam de um êxodo forçado, acrescenta a Associated Press.

A Faixa de Gaza está submetida a um cerco total por Israel desde nove de outubro, com a população privada do fornecimento de água, eletricidade, alimentos e medicamentos.

Uma parte desta população refugiou-se no sul, perto da fronteira egípcia, mas centenas de milhares permanecem no meio dos combates, no norte do enclave. Segundo diversas organizações não-governamentais (ONG), a situação é desastrosa para a população.

Na Faixa de Gaza, onde Israel afirma pretender "aniquilar" o Hamas, os bombardeamentos israelitas em represália pelo ataque de sete de outubro já provocaram a morte de mais de 12 mil pessoas, na maioria civis, incluindo cerca de 5.000 crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

De acordo as autoridades israelitas, cerca de 1.200 pessoas foram mortas em Israel no ataque do Hamas em sete de outubro, incluindo cerca de 300 militares e polícias.

[Atualizado às 14:02]