Presidente dos Estados Unidos disse na terça-feira que vai anunciar medidas “muito interessantes” até ao final da semana para responder ao controverso diploma da China que pretende contornar a autonomia de região administrativa especial de Hong Kong.
“Estamos a preparar algo”, respondeu o chefe de Estado norte-americano, citado pela agência France-Presse, quando questionado sobre a possibilidade sanções contra Pequim por causa deste documento, durante uma conferência de imprensa na Casa Branca.
Trump considerou que as medidas que Washington está a preparar são “muito interessantes”, mas deixou para o final da semana a concretização deste plano, que será divulgado de uma “maneira muito poderosa”.
O Parlamento chinês apresentou na semana passada um diploma sobre “segurança nacional” para Hong Kong, ex-colónia britânica com um estatuto de semiautonomia, acordado aquando da retrocessão do território à China, em 1997.
A legislação sinaliza a determinação do Governo central da China em assumir maior controlo sobre Hong Kong, após quase um ano de protestos a favor da democracia, muitas vezes marcados por confrontos entre manifestantes e a polícia.
Milhares de manifestantes voltaram às ruas de Hong Kong para se opor à legislação, no domingo passado, envolvendo-se em confrontos com a polícia, que disparou gás lacrimogéneo e recorreu a um canhão de água para dispersar a multidão.
Hoje, a líder de Hong Kong garantiu que o projeto de lei não ameaça os direitos civis na região, mas os críticos têm denunciado os perigos do documento para a liberdade de expressão e reunião.
Carrie Lam disse aos jornalistas "não haver necessidade” de a população de Hong Kong se preocupar com a proposta de lei, que deve ser aprovada na quinta-feira, no encerramento da sessão plenária da Assembleia Popular Nacional.
"Hong Kong provou que defende e preserva esses valores", disse. "Hong Kong precisa dessa legislação para o bem da grande maioria da sua população", acrescentou.
A declaração sino-britânica de 1984, que serviu para acordar a retrocessão de Hong Kong do Reino Unido para a China, em 1997, estabeleceu a manutenção, por 50 anos, a partir da data de transferência, de uma série de liberdades inexistentes na China continental.
A lei que agora o parlamento de Pequim quer aprovar proíbe "qualquer ato de traição, separação, rebelião, subversão contra o Governo Popular Central, roubo de segredos de Estado, a organização de atividades em Hong Kong por parte de organizações políticas estrangeiras e o estabelecimento de laços com organizações políticas estrangeiras por parte de organizações políticas de Hong Kong".
A Casa Branca já tinha ameaçado retirar o estatuto comercial preferencial concedido por Washington a Hong Kong.
Vários órgãos de comunicação social norte-americanos dão conta de que a administração Trump pretende impor novas sanções contra as autoridades e empresas na região administrativa especial que estarão envolvidas neste processo de retirada de autonomia.
Esta posição também é defendida por vários senadores norte-americanos.
O republicano Donald Trump também avisou que Hong Kong corre o risco de perder o papel enquanto “capital financeira internacional” se Pequim “assumir o controlo” do território.
A posição de Washington poderá piorar ainda mais relações diplomáticas com a China, que se deterioraram depois das acusações feitas por Trump de que o país asiático terá criado o SARS-CoV-2, responsável pela atual pandemia.