A coincidência no horário das arruadas desta sexta-feira do BE e Rui Moreira por Santa Catarina, no Porto, levou os bloquistas a apresentar uma queixa na CNE que obrigou o atual presidente da câmara a encostar e atrasar o programa.
Segundo o candidato independente à presidência da Câmara do Porto, perante a coincidência das arruadas das duas candidaturas, embora com pontos de partida distintos, o Bloco apresentou uma queixa à Comissão Nacional de Eleições (CNE), cuja decisão obrigava Moreira a mudar a arruada de sítio ou de hora, “sob pena de cometer o crime de desobediência”.
Rui Moreira optou por atrasar a partida e deixar o Bloco passar “tranquilamente”, fazendo um compasso de espera de meia hora junto ao centro comercial Via Catarina, onde as duas comitivas, uma em andamento e outra parada, acabariam por se cruzar.
De acordo com a decisão da CNE, o BE informou o presidente da Câmara do Porto a 22 de julho “da sua intenção de promover uma arruada com início às 17h00 junto ao centro comercial Via Catarina e termo estimado para as 18h30 frente ao Café Magestic, não tendo no prazo legal recebido qualquer objeção da parte daquela entidade”.
“Mais veio o BE informar telefonicamente que concertou a realização desta iniciativa com o PS, o qual tem anunciada uma arruada para as 18h00 do mesmo dia com início na Praça da Batalha, passagem por Santa Catarina e termo na Praça D. João I.”, acrescenta a decisão.
Considerando que a comunicação do Bloco foi feita “em tempo e antes de qualquer outro, tanto mais que não lhe foi deduzida qualquer oposição ou fixado qualquer constrangimento pelo presidente da Câmara do Porto, tendo-se consolidado o seu direito”, a CNE notificou o autarca a “tomar de imediato as medidas necessárias à salvaguarda do direito do BE, impedindo, pela deslocalização ou pelo adequado desfasamento de horário, que subsista qualquer possibilidade do exercício daquele direito ser perturbado por terceiros”.
“Do BE eu compreendo, porque na Venezuela com certeza que não há isto. Aqui em Portugal faz-me impressão que, tantos anos depois do 25 de Abril, se continue nesta forma de fazer política através de instrumentos que não são democráticos”, afirmou Rui Moreira aos jornalistas.
Para o autarca, que lamentou ter passado a campanha “a sofrer queixinhas dos partidos”, a decisão da CNE é “uma atitude autoritária, não escrutinada, antidemocrática”.
E acrescentou: “Nós sempre fizemos arruadas na cidade do Porto, sem nenhum problema, sempre nos cruzamos, sempre demos abraços. Eles não percebem, não são do Porto”.
Palavras proferidas momentos antes de receber o abraço do candidato bloquista Sérgio Aires e ambos trocarem desejos de “boa sorte”, quando a comitiva do Bloco em andamento - com a presença da líder Catarina Martins e da eurodeputada Marisa Matias - se cruzou com a comitiva independente à espera.
Para o candidato do BE à presidência da Câmara do Porto, tudo se resumiu a “confusões de horários, o que é normal nesta altura”.
“Está tudo bem, não se passa nada, está tudo tranquilo”, havia dito aos jornalistas.