Papa volta a defender que a eutanásia não é solução
09-02-2022 - 10:33
 • Ana Catarina André

Francisco considera que "devemos estar gratos por toda a ajuda que a medicina procura dar", mas a aposta deve ser nos cuidados paliativos. O objetivo é um final de vida o mais humano possível.

O Papa Francisco voltou a defender que a eutanásia não é solução e que a resposta face ao sofrimento deve passar pelos cuidados paliativos. “Devemos acompanhar as pessoas até à morte, mas não provocar a morte nem ajudar o suicídio assistido”, disse na audiência-geral desta quarta-feira, no Vaticano.

“Devemos estar gratos por toda a ajuda que a medicina procura dar, para que através chamadas curas paliativas, cada pessoa que se está a preparar para viver a última parte da sua vida o possa fazer da forma mais humana possível. Contudo, devemos ter o cuidado de não confundir esta ajuda com desvios inaceitáveis que levam à eutanásia."

Sublinhando o "direito a cuidados e tratamentos para todos" como "prioridade", o Papa pediu que "os mais débeis, particularmente os idosos e os doentes, nunca sejam descartados". "A vida é um direito, não a morte, que deve ser acolhida, não administrada. E este princípio ético diz respeito a todos, e não apenas aos cristãos ou crentes", acrescentou.

Na catequese que teve como tema “São José, patrono da boa morte", Francisco sublinhou que "através da fé", “podemos atribuir à morte um papel positivo”.

Para o Papa, " a morte continua a ser um acontecimento com o qual temos de nos confrontar e perante o qual temos também de fazer escolhas".

“De facto, pensar na morte, iluminada pelo mistério de Cristo, ajuda-nos a olhar para toda a vida com novos olhos. Nunca vi atrás de um carro fúnebre uma carrinha de mudanças! Não tem sentido acumular se um dia morreremos”, afirmou.

“O que precisamos de acumular é caridade, a capacidade de partilhar, de não ficar indiferentes às necessidades dos outros. Ou, de que serve discutir com um irmão, uma irmã, um amigo, um membro da família, ou um irmão ou irmã na fé, se um dia morreremos?”, frisou, acrescentando que “é bom morrer reconciliado, sem deixar ressentimentos e sem arrependimentos!”

Defende o diálogo para resolver crise na Ucrânia

No final da audiência, o Papa defendeu que a ameaça crescente de uma invasão da Ucrânia pela Rússia deve ser resolvida através de um diálogo sério e considerou que avançar para “uma guerra é uma loucura”.

“Continuamos a implorar ao Deus da paz para que as tensões e ameaças de guerra sejam superadas através de um diálogo sério e para que as conversas no formato Normandia possam contribuir para esse fim”, disse às dezenas de fiéis reunidos na Sala Paulo VI, no Vaticano.

Francisco referia-se ao formato de negociação com a participação dos líderes da Ucrânia, Rússia, Alemanha e França, sobre a região ucraniana do Donbass, controlada em grande parte por separatistas pró-Moscovo. Estas negociações permitiram os acordos de Minsk, que estabeleceram um frágil cessar-fogo entre as tropas ucranianas e as milícias rebeldes naquela região do leste ucraniano.