Médicos e Ministério da Saúde continuam sem chegar a acordo. Este domingo, Manuel Pizarro recebeu os sindicatos e, após 9 horas de reunião, ainda não há um entendimento para pôr fim à contestação dos médicos.
Afinal, o que exigem os médicos?
Exigem melhores salários e uma revisão urgente das carreiras. Tanto o Sindicato Independente dos Médicos como a Federação Nacional dos Médicos exigem um aumento de 30% do salário base para todos os médicos, especialistas e internos de todos os regimes de trabalho. O último aumento salarial ocorreu em 2012. Além disso, os médicos exigem a reposição do horário das 40 horas para as 35 horas semanais e das 12 horas semanais de trabalho nas urgências.
O que está a dificultar o acordo entre as partes?
Do ponto de vista dos sindicatos, a intransigência do Ministério da Saúde. A proposta que Manuel Pizarro entregou este domingo aos sindicatos continua a não agradar. Nem na forma, nem no conteúdo. Por um lado, o Governo está aberto para acolher as 35 horas semanais e a redução de 18 para 12 horas semanais de trabalho na urgência. No entanto, os sindicatos querem ver estas propostas por escrito e recusam que estas medidas sejam associadas a fatores de produtividade, como prescrição de exames e medicamentos.
Mas essa é uma linha vermelha para os sindicatos que voltam ao Ministério da Saúde na próxima terça-feira, numa reunião marcada para as 14h30.
Em matéria salarial, os médicos exigem um aumento transversal de 30%. Até onde é que o Governo está disposto a ir?
O ministro da Saúde propõe um aumento do salário base de cerca de 5%. Muito aquém do pretendido pelos sindicatos. Por isso, Manuel Pizarro diz que é necessário encontrar uma solução de equilíbrio que permita chegar a um salário que não ponha em causa a atratividade do Serviço Nacional de Saúde, sobretudo para os médicos que estão a chegar à profissão e não se sentem motivados para trabalhar no setor público, muito por culpa dos salários.
Mas, afinal, quanto ganha um médico em início de carreira?
Em média, um médico em Portugal pode ganhar cerca de 3.500 euros por mês. Isso vai depender se estamos a falar de médicos em início de carreira, especialistas hospitalares ou médicos de família. Vamos a exemplos: um médico recém-formado, em regime de internato, pode ganhar entre 1.500 e 2.000 brutos por mês. Já um médico de família em início de carreira ganha cerca de 2.800 euros brutos por mês, podendo chegar a 4.000 euros após 20 anos de experiência.
Dito assim, parecem salários bastante razoáveis...
Sim, se tivermos em conta a média de salários em Portugal. No entanto, os médicos portugueses estão entre os que menos ganham na União Europeia. No caso dos médicos especialistas, em média, um médico português ganha menos 44% do que um colega espanhol. Se a comparação for feita com um colega alemão, a diferença é ainda maior (71%).