O sistema Gripenet, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), através do Departamento de Epidemiologia, está a recrutar participantes para assegurar a vigilância da gripe e da Covid-19.
Monitorizar em tempo real a curva de incidência da epidemia sazonal da síndrome gripal, bem como a sua distribuição etária e regional são alguns dos objetivos deste projeto. Os participantes são convidados a preencher, semanalmente, um questionário a reportar os seus sintomas (ou ausência deles). Podem colaborar nesta iniciativa todos os residentes em Portugal.
Este ano, com a pandemia de Covid-19 em curso, o projeto pretende também identificar padrões de sintomatologia compatível com esta doença, para identificar tendências na evolução no número de casos.
O projeto Gripenet teve início em 2005, fundado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência, tendo sido transferido para o INSA em 2015. A iniciativa soma mais de mais de 25 mil voluntários. Ao longo dos anos, os dados recolhidos têm permitido entender melhor a dinâmica de transmissão dos vírus Influenza, incluindo quais os fatores de risco associados à síndrome gripal, assim como o recurso aos sistemas de saúde ou os comportamentos face à doença.
"Um dos segredos do sucesso do Gripenet é sua simplicidade de uso e rapidez no preenchimento dos sintomas, bem como a transparência no tratamento dos dados, sabendo os participantes como o sistema interpretou o seu caso particular", lê-se numa nota enviada pelo Instituto Ricardo Jorge. Os dados, anonimizados, são disponibilizados numa plataforma pública online, tornando o Gripenet, simultaneamente, um projeto de comunicação de ciência e um dos maiores repositórios sobre a gripe em língua portuguesa.
A informação disponibilizada pelos cidadãos no Gripenet não concorre com a que é obtida pelo Programa Nacional de Vigilância da Gripe, coordenado pelo INSA em articulação com a Direção-Geral da Saúde.
“Devido às suas características, o sistema Gripenet possibilita uma deteção precoce de eventuais anomalias, e uma captação de pessoas que recuperam da gripe sem recorrer aos serviços de saúde, com uma assinalável economia de recursos”, lê-se na mesma nota.
O Gripenet foi um dos fundadores da rede europeia Influenzanet, que conta já com dez países participantes. Sistemas semelhantes de monitorização participativa da gripe através da internet foram posteriormente adotados no México, Estados Unidos e Austrália, evidenciando a importância destes sistemas para a monitorização da saúde pública ao nível nacional e internacional.