A poucos dias de aterrar em Portugal para presidir às celebrações da peregrinação internacional de 12 e 13 de maio em Fátima, o Cardeal Pietro Parolin deu uma entrevista exclusiva à Renascença na qual aborda vários temas, incluindo a guerra na Ucrânia e os esforços de paz na Europa.
"Claro que são necessários esforços diplomáticos" para alcançar a paz, diz o secretário de Estado do Vaticano, destacando que também a Santa Sé, sob orientação do Papa Francisco, está a "tentar dar o seu contributo e desencadear todos os esforços para se encontrar uma solução política e diplomática para esta crise, que realmente está a destruir um país".
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, o Papa já enviou por quatro vezes à Ucrânia o cardeal Konrad Krajewski, esmoler da Santa Sé e prefeito do novo Dicastério para o Serviço da Caridade. Mas o Vaticano quer ir mais além.
Nas últimas semanas, o Cardeal Parolin tem-se desdobrado em declarações que reafirmam os esforços da Santa Sé pela paz.
Nas vésperas da última visita apostólica do Papa à Hungria, o secretário de Estado não pôs de lado uma aproximação a Moscovo, porque “estender a mão para todos sempre foi a atitude de Francisco”, referiu à Renascença, a poucos dias da viagem.
“O Santo Padre é muito atento e sensível a todos os gestos que possam favorecer a paz, portanto, ele certamente saberá descobrir se há ou não alguma possibilidade para realizar esses gestos”, acrescentou.
Já no voo de regresso a Roma, a 30 de abril, o Papa revelou aos jornalistas que o Vaticano tem em curso uma missão de paz cujos detalhes não pode ainda revelar, mas com a garantia:
“Estou disposto a fazer o que for preciso. Além disso, uma missão está em andamento agora, mas ainda não é pública.”
Apesar de a Santa Sé não adiantar, até agora, pormenores deste plano de paz, o Cardeal Pietro Parolin tinha confirmado, na passada semana, em declarações aos jornalistas, as intenções do Papa por uma missão de paz na Europa.
Essa missão, adiantou o secretário de Estado, “será anunciada quando se tornar pública e repito as mesmas expressões que ele usou; não vou entrar em detalhes”.
O número dois do Vaticano acrescentou ainda não saber "se hoje existem condições para um cessar-fogo" na Ucrânia, embora acredite que "esta iniciativa do Vaticano, se for por diante, pode ajudar".
"Como sempre dissemos, desejamos alcançar o fim dos confrontos e depois desencadear um processo de paz", assegura o Cardeal. Até lá, traz esses anseios na bagagem para, nested dias, os apresentar na capelinha das aparições, junto de Nossa Senhora de Fátima.