O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, saúda a divulgação do primeiro boletim informativo da DGS sobre a vacinação contra a Covid-19, mas avisa, no entanto, que o documento tem de ser mais específico e sublinha que houve duas situações que o surpreenderam.
“Em primeiro ligar, não haver no relatório qualquer referência aos profissionais de saúde e, em especial, às pessoas que estão na linha da frente, os médicos, enfermeiros, assistentes operacionais, entre outros. Em segundo lugar, surpreendeu-me, também, o número de pessoas novas, que é aquela que mais foi vacinada até agora, quer com a primeira dose quer com a segunda dose”, diz Miguel Guimarães.
Em declarações à Renascença, o bastonário da Ordem dos Médicos admite que possa ser difícil a inclusão desses dados, a nível nacional, estratificados, por exemplo, por profissões, mas defende que é importante fazê-lo, para um cabal esclarecimento da situação.
“Eu lembro que a OMS veio lançar a questão dos 80, 80, 80; ou seja, que 80% dos profissionais de saúde estivessem vacinados e 80% das pessoas com mais de 80 anos estivessem vacinadas. Só conseguimos saber isso, se tivermos dados objetivos”, sublinha.
Para o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, os números da DGS não são uma surpresa e deixa críticas ao que diz ser a propaganda levada a cabo pelo Governo, que usa a campanha de vacinação para dar a entender que tudo está a correr bem.
“O número de profissionais do serviço nacional de saúde são 130 mil”, diz Roque da Cunha, acrescentando que “nem sequer os profissionais do serviço nacional de saúde estão vacinados”.
O secretário-geral do SIM explica, depois, que “quando se fala de médicos, estamos a falar no SNS de menos de 50% dos médicos vacinados”.
Já o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, faz uma leitura simples dos dados, tendo em conta a divisão por faixas etárias que consta do boletim, mas considera que poderá haver mais detalhe na informação.
“Poderá haver mais detalhe nessa informação, mas a minha leitura destes números é que aqueles que estão vacinados, particularmente nesta fase muito inicial, correspondem aos que são os profissionais de saúde e os dos lares”, afirma Ricardo Mexia à Renascença.
Os dados do primeiro relatório semanal da vacinação contra a Covid-19, em Portugal, mostram que, até ao dia 14 de fevereiro, 332.762 pessoas tinham recebido a primeira dose da vacina e 199.511 já se encontravam com a vacinação completa.