O cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, pede perdão por erros passados na “proteção de menores no espaço eclesial”.
Na Missa Crismal desta Quinta-feira Santa, D. Manuel Clemente garantiu também atenção ao fenómeno.
“Continuaremos disponíveis e próximos colaborando com as entidades oficiais para tudo o mais que a caridade e a justiça nos requeiram. Aqui estamos com plena consciência e compromisso para reconhecer e corrigir erros passados, pedir perdão por eles e prevenir convenientemente o futuro.”
No arranque desta semana, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa revelou ter validado 290 testemunhos em três meses, tendo enviado ao Ministério Público 16 casos.
O grupo de trabalho independente, liderado pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, pretende apresentar um relatório até 31 de dezembro.
O cardeal patriarca recordou os anos da pandemia e a forma como a sociedade, o poder político e a Igreja se mobilizaram no socorro aos mais necessitados, salientando que a isso acresceu a guerra na Ucrânia.
Na sua intervenção reiterou também a disponibilidade da Igreja em colaborar com as entidades oficiais no acolhimento de refugiados da Ucrânia e na ajuda à população martirizada pela guerra. “Também aqui não têm faltado exemplos de grande solidariedade. Acolhimento de quem chega e ajuda a quem permanece na sua terra devastada”, começou por dizer.
“Continuaremos disponíveis e próximos, colaborando com as entidades oficiais se participando em iniciativas seguras, especialmente no âmbito da Cáritas portuguesa e Diocesana para maximizar os recursos”, garantiu o patriarca.
Na eucaristia em que para além da Bênção dos Santos Óleos, os sacerdotes renovam as suas promessas, o D. Manuel lembrou aos padres que consigo concelebraram que “em tempo de profunda transição social e cultural é-lhes exigida uma atenção redobrada aos sinais dos tempos que só podem ser compreendidos e correspondidos pelo conjunto eclesial na variedade das situações de cada um”.
Mais adiante, D. Manuel Clemente referiu que “a revitalização sinodal que prosseguimos com o Papa Francisco, continuando o que procuramos antes com o nosso sínodo diocesano relança-nos ainda mais a nós sacerdotes como homens da Igreja e para a Igreja”.
“Meditar e rezar a palavra para bem a partilhar em todos os momentos sacramentais é o primeiro serviço que devemos aos outros. Não para lhes dizermos palavras meramente nossas, mas para ecoarmos o que a Jesus ouvimos”, advertiu.
A seguir, o prelado exortou os sacerdotes a entregarem-se “assiduamente à oração” como faziam os primeiros apóstolos, pois “o que as pessoas esperam é a atualização de quanto ligam ao próprio Cristo, palavra dita e feita, precisamente como foi e a tradição eclesial a guardou”.
“A nossa teologia é a que Jesus nos transite da parte de Deus Pai. A Nossa oração é a que siga inteiramente o pai Nosso. O Nosso serviço é o que Jesus fez e ilustrou em parábolas como a do Bom Samaritano. Quando não transmitimos isso mesmo podemos distrair alguma vez, mas acabamos por desiludir tarde ou cedo”, recordou.
A Igreja celebra o início do Tríduo Pascal, evocando a instituição da Eucaristia e do sacerdócio.