28 mortos na Austrália. Primeiro-ministro admite erros
12-01-2020 - 11:49
 • Renascença com Lusa

Bombeiro é a mais recente vítima mortal dos fogos. Scott Morrison reconhece que "há coisas que poderiam ter sido geridas muito melhor no terreno".

Um bombeiro de 60 anos morreu, no sábado, no combate a um incêndio no sudeste da Austrália, elevando para 28 o número de vítimas mortais desde o início dos fogos no país.

O homem morreu ao ser atingido por uma árvore, "quando trabalhava num incêndio nos arredores de Omeo", declarou o chefe dos bombeiros dos serviços florestais do estado de Victoria, Chris Hardman.

Em declarações à cadeia de televisão australiana ABC, o primeiro-ministro, fortemente criticado pela gestão dos incêndios, disse ser necessário criar uma comissão de inquérito.

Scott Morrison acabou por admitir que podem ter sido cometidos erros na gestão dos incêndios florestais. "Há coisas que se poderiam ter gerido muito melhor no terreno", reconheceu.

A desculpa do primeiro-ministro chega depois de, na sexta-feira, milhares de pessoas se terem manifestado em várias cidades da Austrália para pedir a sua demissão e exigir ao Governo mais meios para lutar contra as alterações climáticas e os incêndios florestais.

Morrison, que se negou a relacionar a crise climática com o agravamento dos incêndios florestais, tem sido objeto de fortes críticas, agravadas nas últimas semanas.

O primeiro-ministro conservador foi criticado por ir de férias sem avisar para o Hawai em plena crise, antes do Natal e, durante as suas visitas às zonas afetadas, foi mal recebido pelas populações, designadamente com insultos.

Em relação às políticas para enfrentar os efeitos da crise climática, Morrison afirmou durante a entrevista à ABC que "o Governo continuará com os seus esforços para alcançar os objetivos" de redução de emissões, sem dar mais pormenores.

Desde que começaram, em setembro passado, os incêndios arrasaram uma superfície de mais de oito milhões de hectares, equivalente à da Irlanda, e calcula-se que até mil milhões de animais selvagens tenham morrido, enquanto continua a época seca e de incêndios.

O ano de 2019 foi o mais quente e o mais seco na Austrália desde que existem dados. O dia de 18 de dezembro de 2019 foi o mais quente de sempre, com uma média nacional de temperaturas máximas de 41,9 graus.

Depois de vários dias complicados devido às altas temperaturas, o clima deverá arrefecer na próxima semana, o que poderá dar uma trégua aos bombeiros que lutam contra os devastadores incêndios em todo o país.