Os enfermeiros vão fazer greve na primeira semana de novembro. A paralisação é convocada por todos os sindicatos da classe que estiveram reunidos num encontro que teve início na tarde de segunda-feira e se prolongou até de madrugada.
O presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Pedro Costa, garante que as estruturas sindicais não fecham a porta às negociações com o Governo, mas adianta à Renascença que a greve “tem uma dupla responsabilidade: responder às justas reivindicações da classe e, acima de tudo, valorizar o acesso aos cuidados de saúde por parte da população”.
A greve vai ser formalmente anunciada na próxima sexta-feira, mas Pedro Costa adianta, desde já, que a intenção é que a paralisação tenha a duração de uma semana.
Para o próximo dia 28, foi marcada uma concentração em frente à Assembleia da República, altura em que os sindicatos dos enfermeiros vão entregar um manifesto aos deputados com as reivindicações da classe.
Os sindicatos dos enfermeiros reclamam, nomeadamente, a contratação dos profissionais em situação precária; uma avaliação de desempenho adequada à profissão; a correção dos problemas relativos à contagem de pontos e condições iguais para enfermeiros com contratos individuais de trabalho e contratos em funções públicas.
Pedro Costa sublinha que “as reivindicações não são de agora, mas que a pandemia trouxe mais problemas ao de cima”, prova disso é a taxa de absentismo, a rondar os 30% , que mostra bem como os enfermeiros estão esgotados.
“Os profissionais estão cansados, estão esgotados, e acima de tudo nós temos que perceber que este período 'pós-guerra', este período pós-pandemia vai exigir dos mesmos profissionais, porque as admissões que foram feitas são escassas, são precárias acima de tudo, que sejam retomadas consultas, seja retomada a atividade assistencial nomeadamente a nível de cirurgia e todos os cuidados a nível de saúde que são necessários”, explica Pedro Costa.
O dirigente sindical lembra ainda que “estamos em plena terceira dose do plano vacinal contra a Covid-19 e ainda temos o início do plano vacinal contra a gripe”.
“Isto tudo com os mesmos recursos, os mesmos profissionais que são valorizados em palavras pelas próprias instituições, pelo próprio coordenador da ‘task-force’, pela própria Assembleia da República, mas, no entanto, assistimos a um desinvestimento no valor humano e em particular nos enfermeiros”, conclui o presidente do sindicato.