Jerónimo de Sousa diz que a geringonça, tal como existiu, foi uma fase da política nacional, que não volta a acontecer. Parece ser um aviso do secretario-geral do PCP ao ministro Pedro Nuno Santos, depois deste ter dito que a "geringonça não foi um parênteses na história da democracia", acreditando no seu futuro.
Em entrevista à RTP 3, Jerónimo de Sousa não fecha a porta a entendimentos com o PS, mas disse que a gerigonça não se vai repetir.
“Não se repetirá tal qual, de certeza. Se estamos disponíveis para medidas positivas, de fazer convergência, designadamente com o PS, mas não só, cá estaremos para fazer isso”, afirmou.
E, segundo Jerónimo de Sousa, o grau de compromisso do partido é decidido pelo "nível de convergência" do Governo, defendendo que foi o PS que quis acabar com o entendimento dos últimos seis anos.
“O nível de convergência é que determina o grau de compromisso. Este é um princípio fundamental. O que for positivo [no futuro], naturalmente, terá o apoio do PCP. Se entendermos que não é positivo, votaremos contra.”
O secretário-geral do PCP acusou ainda o PS de “desistir do Orçamento”, argumentando que António Costa quer conquistar uma maioria absoluta para os socialistas.
Também rejeitou a ideia de que o partido seja responsável pelo quadro de crise política, atribuindo as culpas ao Governo, por ter rejeitado as propostas comunistas, nomeadamente, em termos do aumento significativo do salário mínimo e das pensões, o reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou, até, a revogação da caducidade da contratação coletiva.
As culpas são repartidas também com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por ameaçar com eleições legislativas antecipadas, na sequência do 'chumbo' do Orçamento do Estado.
"Essa questão colocada pelo Presidente da República só compromete o Presidente da República e a solução não estava nas mãos do PCP, estava no próprio Governo do PS que desistiu de conversar connosco, na parte final", disse Jerónimo de Sousa, acrescentando que o chefe do Estado foi "desadequado", já que, "nem com esse anúncio, nem com o silêncio do Governo, se resolve um único problema nacional".