O debate entre os dois principais candidatos às Legislativas, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, no Capitólio, em Lisboa, contou com um episódio inesperado: o aparecimento à porta do Parque Mayer de boa parte dos polícias, inicialmente concentrados na Praça do Comércio, bloqueando a única entrada do local, objetivamente sitiando as televisões e os dois protagonistas da noite.
Os polícias foram longe demais! Não é por acaso, de resto, que as estruturas sindicais das forças de segurança decidiram suspender todas as manifestações até ao ato eleitoral de 10 de Março. Mas a verdade é que, com a iniciativa de marchar sobre o velho parque lisboeta, conseguiram inscrever a sua luta no debate entre os dois candidatos, dando razão a quem decidiu fazer derivar a concentração da Praça do Comércio porque era ali que estava instalado todo o poder de fogo das televisões naquela noite. A barreira, erguida pelos polícias veio acrescentar espetáculo ao espetáculo que as televisões haviam preparado para o momento: imagens dos carros dos candidatos a dirigirem-se para o Capitólio – como acontece nos jogos de futebol entre os clubes considerados grandes -, a presença de adeptos na receção aos protagonistas, no caso apenas de PNS, produzindo a berraria habitual, sempre que se liga uma câmera. Uma encenação espetacular, a que a manifestação dos polícias acabou por ser a cereja no topo do bolo.
O problema é que esse conforto durou pouco. O secretário-geral socialista acabaria por se embrulhar nas horas seguintes em recuos e avanços e novos recuos em relação à declaração que produziu no debate do Capitólio, o que transforma em volúveis as posições e pouco confiáveis as declarações de Pedro Nuno Santos em relação ao tema da governabilidade e, porventura, a outros compromissos.
As guerras e a situação internacional cada vez mais volátil, com impactos inevitáveis na economia e no País, assim como a Justiça, continuam sem suscitar qualquer atenção por parte dos candidatos e a ficar de fora das decisões editoriais dos moderadores. Numa análise aos programas dos partidos para a comunicação social, merece relevo o facto de todos eles dedicarem alguma atenção ao sector. Embora sem grandes novidades, raramente em anteriores eleições a comunicação social era objeto da preocupação dos partidos políticos nos seus programas eleitorais. Apenas a IL regressa ao tema da privatização da RTP.
A operação na Madeira deixou ainda mais visível o conflito entre o Ministério Público e a Magistratura. O presidente da Associação Sindical de Juízes, Manuel Ramos Soares, em entrevista ao Público, diz que a reação da PGR à decisão do juiz de instrução de mandar libertar os detidos na Operação Zarco foi “desproporcionada” e “precipitada”. Os Media têm sido apanhados pelo fogo cruzado entre as magistraturas?
A morte de Navalny tem suscitado por parte das autoridades de Moscovo comportamentos, no mínimo, extravagantes. Certamente reveladores da natureza de Putin e do regime que instituiu. O cancelamento da conta da viúva, Julia Navalnaya, pela Rede X veio recolocar no centro do debate uma questão sensível, já muitas vezes discutida: que mecanismos têm as democracias para evitar a tentação de restrições à liberdade de expressão?
Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, as dificuldades financeiras de Isabel dos Santos; o humor da Gala de aniversário da TVI e o derby do Capitólio. Derby?