Se a injeção sofrer corte, Novo Banco admite pedir mais dinheiro
19-05-2021 - 11:47
 • Sandra Afonso

Presidente do Novo Banco não descarta a possibilidade de pedir mais 100 milhões de euros.

Pelo menos mais 100 milhões de euros. É o valor quanto o presidente do Novo Banco conta pedir ao Fundo de Resolução no próximo ano, se se confirmar que a entrega este ano fica aquém dos quase 600 milhões reclamados pelo banco.

“Num cenário de 430 milhões de euros [de injeção de capital] este ano, isso pode acontecer. Seria na volta dos cento e qualquer coisa milhões de euros que eventualmente poderia surgir”, afirmou durante a audição na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco.

Segundo António Ramalho, a chamada de capital não terá que ver com os resultados deste ano (em que o banco espera ter lucro pela primeira vez), mas com o regime contabilístico transitório IFRS 9.

Durante a audição, falou ainda dos bónus e salários. O presidente do Novo Banco admite que esta é uma “polémica perdida”, mas defende que as remunerações não são autoatribuídas, são estabelecidas por uma comissão, não há limites estabelecidos e foi o banco que decidiu adiar o pagamento dos bónus até ao final da resolução.

Ramalho desmentiu ainda Luís Filipe Vieira, o segundo maior devedor do Novo Banco. Garante que foi avaliado o património pessoal do presidente do Benfica, mas é preferível “não executar”.

Vieira tem registado em seu nome um imóvel e uma moradia. A dívida ao banco ultrapassa os 181 milhões.

Até ao momento, o Fundo de Resolução ainda não indicou o valor em que capitalizará o Novo Banco referente a 2020, sendo o pedido do Novo Banco de 598,3 milhões de euros.

O presidente do Fundo de Resolução, Luís Máximo dos Santos, disse na comissão de inquérito que haverá "deduções significativas" ao pedido de capital do Novo Banco.

O Novo Banco foi criado em agosto de 2014 na resolução do Banco Espírito Santo (BES).

Em 2017, aquando da venda de 75% do banco à Lone Star, foi criado um mecanismo de capitalização contingente, pelo qual o Fundo de Resolução se comprometeu a, até 2026, cobrir perdas com ativos 'tóxicos' com que o Novo Banco ficou do BES até 3.890 milhões de euros.

O Novo Banco já consumiu até ao momento 2.976 milhões de euros de dinheiro público ao abrigo do mecanismo de capitalização.