O Kremlin assume falhas no anúncio de mobilização de reservistas do exército russo para combater na Ucrânia, numa altura em que cresce a contestação junto da opinião pública.
"Há casos em que o decreto é violado", disse esta segunda-feira o porta-voz do Presidente russo, Vladimir Putin, que assegurou que "todos os erros vão ser corrigidos".
Dmitri Peskov afirmou que "os governadores federais estão a trabalhar ativamente para corrigir a situação".
Questionado sobre a possibilidade de um encerramento de fronteiras da Rússia e sobre a imposição da lei marcial para impedir a fuga de potenciais recrutas, o porta-voz do Kremlin alegou desconhecer quaisquer decisões nesse sentido.
Em causa está a convocação de várias pessoas com idade avançada e sem experiência militar que estão a ser chamadas para combater na Ucrânia.
Na semana passada, Vladimir Putin anunciou o que disse ser a mobilização parcial de reservistas, que o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, quantificou em 300 mil efetivos convocados.
No entanto, vários órgãos de imprensa independente russos, indicaram que a mobilização poderia chegar até um milhão de reservistas convocados, apontando um parágrafo que se acredita ser sobre o número exato de reservistas necessários, que foi omitido na versão publicada do decreto de Putin, por se tratar, aparentemente, de informação classificada.
Segundo vários especialistas militares ocidentais e ucranianos, a decisão de Putin de convocar reservistas mostra que as tropas russas não estão a cumprir os objetivos no campo de batalha.
Mais de 2.000 detidos desde o anúncio da mobilização
Desde 21 de setembro, o dia em que Vladimir Putin, anunciou a mobilização parcial para reforçar o dispositivo militar russo na Ucrânia, já terão sido detidas mais de 2.000 pessoas numa sucessão de protestos que têm ocorrido em várias cidades do país.
No mais recente sinal de crescente protesto público, um homem feriu gravemente um oficial de recrutamento do exército na cidade siberiana de Ust-llimsk, esta segunda-feira.
As imagens que circulam nas redes sociais mostram um alegado ataque perpetrado por um homem que, ao aproximar-se de um agente da polícia, terá disparado à queima-roupa.
Durante o fim de semana, centenas de manifestantes entraram em confronto com a polícia na república russa do Daguestão, no norte do Cáucaso, por causa da campanha de mobilização.
De acordo com a organização não-governamental OVD-Info, mais de 100 pessoas foram detidas em Makhachkala, a capital do Daguestão.
Houve, também, relatos de vários ataques incendiários a centros de recrutamento e outros prédios administrativos em toda a Rússia.