E depois de Mossul?
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A descrição feita pelo jornalista da Reuters que se encontra em Mossul a cobrir a libertação da cidade pelas forças iraquianas não deixa grandes margens para dúvidas sobre o estado em que se encontra.
“O fedor a corpos ao longo das ruas de Mossul é uma recordação dos quase nove meses de combates urbanos que foram necessários para desalojar o Estado Islâmico desta cidade de 1.5 milhões de habitantes”, escreve, antes de conduzir a imaginação do leitor para os sete corpos de jihadistas que tentavam escapar e jazem perto da margem do mesmo rio Tigre onde se banham agora os soldados que controlam quase totalmente a cidade.
Esta segunda-feira, o primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, declarou formalmente o fim da batalha por Mossul, confirmando a eliminação da última bolsa de resistência dos jihadistas. Os habitantes de Mossul que não fugiram ao longo dos últimos meses juntam-se às manifestações de alegria, mas já há quem esteja a pensar na magnitude dos esforços que serão necessários para reconstruir a cidade.
“Os combates podem ter acabado, mas a crise humanitária não”, diz a coordenadora para o trabalho humanitário da ONU no Iraque, Lise Grande.
“Muitas das pessoas que fugiram perderam tudo. Precisam de abrigo, alimento, cuidados de saúde, água, saneamento e 'kits' de emergência. Os níveis de trauma que estamos a ver são dos mais altos que existem. O que as pessoas passaram é quase inimaginável”, acrescenta.
Segundo os dados da ONU cerca de 920 mil civis fugiram das suas casas desde o início da campanha militar para libertar Mossul. Dessas, cerca de 700 mil ainda estão deslocadas.
A derrota do Estado Islâmico é um golpe muito grande para as aspirações do grupo terrorista, mas ainda existem algumas cidades e vilas nos arredores de Mossul sob seu domínio.