O livro “Lúcia, a vida da Pastorinha de Fátima” foi lançado há um ano pela editora Lucerna, no âmbito do processo de beatificação, e já no contexto do centenário das aparições. A história não é das mais fáceis de contar – o livro fala da mensagem de Fátima, de oração, e também de penitência e sacrifício, conceitos difíceis de entender pelos mais pequenos, mas Thereza Ameal diz que a reacção das crianças ao livro tem sido fantástica: “tenho tido a oportunidade de ir a alguns encontros em colégios e em paróquias e é fantástico, porque os miúdos ficam verdadeiramente entusiasmados. Realmente os Pastorinhos são mesmo heróis, e como heróis que são, são modelos. Os miúdos querem ser como os Pastorinhos”.
“Principalmente as crianças mais pequeninas ainda estão numa fase em que confundem realidade com ficção, mas uma das coisas que lhes digo sempre é que esta não é uma história tipo Cinderella. Esta foi mesmo verdade”. E isso desperta-lhes ainda mais o interesse, “embora às vezes perguntem, ‘espere aí, mas isto foi mesmo verdade?’”.
A história da vidente de Fátima é contada em 70 páginas, todas ilustradas, por Pedro Rocha e Mello. “Foi tudo baseado nas imagens dos verdadeiros Pastorinhos e nos locais, para ser tudo o mais parecido possível”. São desenhos, mas com todo o rigor histórico, o que levou a que, por exemplo, na ilustração sobre o milagre do sol, “o que aparece são as pessoas que lá estavam, que viram. A ilustração baseia-se numa fotografia com as pessoas que estavam lá naquele momento”.
A sua experiência com este livro mostra-lhe que as crianças se interessam pela história de Fátima, gostam dos Pastorinhos e querem saber mais sobre o que aconteceu, porque “a história em si tem todos os ingredientes para ser interessante para os miúdos”.
A obra revela ainda pormenores de Lúcia desconhecidos para muitos. “A irmã Lúcia morreu com quase 100 anos, e teve uma vida absolutamente extraordinária, mas que a maior parte das pessoas não conhece, porque tem a ideia da Lúcia pequenina, pastorinha, e depois de repente já velhinha, ao pé do Papa. Ora, ela teve 25 anos nas doroteias, e depois 50 anos ou mais como carmelita, e continuou sempre a ter aparições de Nossa Senhora”, sublinha a autora.
Talvez por isso o livro desperte o interesse de muitos adultos: “Para nós foi uma surpresa, porque o livro foi feito para um público-alvo mais jovem”, crianças e adolescentes, mas “depois começámos a perceber que imensa gente compra o livro, alguns dizem ‘é para dar à minha avó’. Nem toda a gente se sente preparada para ler, por exemplo, as ‘Memórias da irmã Lúcia’, e aqui a história está condensada, numa linguagem muito simples, mas está tudo correcto e feito com rigor”. Ou não tenha sido esta obra promovida pela Causa de Beatificação da Irmã Lúcia.
Já existem planos para publicar o livro também noutros países: “Sei que está muito avançada a adaptação para o Brasil, e há negociações para ser editado em Espanha, Polónia, Estados Unidos, Itália, Irlanda e nalguns países da América do Sul, como o México”. E acrescenta: “Deus queira que se venham a concretizar, porque gostaria muito que este livro ajudasse a divulgar a mensagem de Fátima e a devoção aos três Pastorinhos, que é o grande objectivo da obra”.
Rezar a cantar
Em Março sairá um novo livro da autora, com orações para crianças, e será mais uma vez um livro-CD, depois de duas experiência anteriores (com os livros “1/3 Oração Jovem” e o “Rezar, Cantar e Crescer”), terem provado que as crianças e os jovens gostam deste tipo de publicações.
Mas como é falar destes temas a crianças tão pequeninas? Thereza Ameal explica que “é um grande desafio e ao mesmo tempo é uma delícia de fazer. As crianças nestas idades têm uma espiritualidade natural fantástica, e quando nos damos ao trabalho de as ouvir põem-nos perguntas extraordinárias. Às vezes são verdadeiros teólogos!”, conta.
Por estarmos no centenário das aparições, o novo livro inclui algumas orações e músicas relacionadas com Fátima. Uma faixa fala da conversão dos pecadores, por exemplo, outra é uma oração pelos padres e pelo Papa, e há uma dedicada aos peregrinos.
“Inicialmente a minha ideia era trabalhar um bocadinho as obras de misericórdia, neste caso a de ‘dar pousada aos peregrinos’, só que acaba por ter tudo a ver com este ano, em que milhares de peregrinos seguirão para Fátima”, diz Thereza Ameal, explicando como se desenrola o processo: “O que eu faço normalmente é eu própria rezar, depois ponho no papel, e depois vou simplificando. É muito giro, porque no fundo é transformar a oração, a mensagem principal que quero transmitir, em poucas palavras. Em palavras que têm que ser simples para depois serem também facilmente transformadas em música. Neste caso é o meu filho João Maria Ameal que faz as compõe”.
O próximo livro chama-se “Querido Deus” e vai ser editado pela Paulus Editora.
A entrevista a Thereza Ameal foi transmitida no espaço das 12h na Renascença, em que à segunda-feira damos mais destaque aos temas sociais, de solidariedade e da vida Igreja.