A máquina de campanha de Donald Trump está a ter dificuldade em repetir a proeza de encher os cofres da recandidatura do ex-presidente dos EUA com a colaboração dos pequenos doadores.
Na campanha presidencial de 2020, que perdeu para o agora Presidente democrata Joe Biden, Trump conseguiu angariar mais de 600 milhões de dólares (cerca de 550 milhões de euros) junto dos pequenos doadores, 35% mais do que o seu rival nesse nicho de financiamento de campanha.
Contudo, na repetição do duelo contra Biden para as presidenciais de novembro próximo, Trump está a debater-se com problemas acrescidos em conseguir convencer esses pequenos doadores (muitos dos quais participam com quantias inferiores a 50 dólares, cerca de 40 euros) a financiar o esforço de reconquistar a Casa Branca para os republicanos.
Vários analistas atribuem esta dificuldade ao facto de Trump ter pedido demasiado dinheiro, por demasiado tempo, ao mesmo grupo da sua base de apoio eleitoral.
Logo a seguir à derrota contra Biden, em 2020, o quartel-general político de Trump enviou milhares de mensagens de correio eletrónico para os apoiantes do candidato republicano pedindo-lhes apoio financeiro para ajudar a contestar os resultados eleitorais.
A intensidade dessa campanha de angariação de fundos levou muitos dos mais fervorosos apoiantes a responderem aos 'e-mails' com queixas de que estavam a ser demasiado requisitados e o próprio Trump reconheceu que estava a haver algum exagero nos pedidos, aconselhando os seus assessores a abrandarem nas solicitações.
Agora, a máquina de campanha de Trump revela dificuldades adicionais em voltar aos bolsos desses pequenos doadores e o comité financeiro do Partido Republicano já assumiu publicamente que está a ter dificuldade em financiar as iniciativas políticas.
Ao mesmo tempo, Trump está a pedir a esse mesmo partido que ajude a pagar as faturas de defesa judicial nos quatro processos em que está envolvido em tribunal, o que tem provocado desagrado em setores importantes dos republicanos e a causar ainda mais desgaste junto dos financiadores.
Ao mesmo tempo, do outro lado da corrida eleitoral, Joe Biden bate recordes de angariação de fundos, como aconteceu na passada semana, durante um grande evento de financiamento de campanha em Nova Iorque em que participaram os antigos Presidentes democratas Bill Clinton e Barack Obama.
Analistas do departamento de análise da revista The Economist invocaram esta semana a diferença de angariação de fundos entre as duas candidaturas como uma das razões pelas quais consideram que Biden está claramente em melhor posição para vencer as presidenciais de novembro.
"O maior problema com a angariação de fundos junto da base de apoio republicana é que não a temos tratado lá muito bem", reconheceu recentemente John Hall, um dos estrategos do partido encarregado em conseguir dinheiro para a campanha de Trump.
Este funcionário da candidatura republicana admitiu que está a falhar também a estratégia de angariação de fundos por meios digitais, que foi muito utilizada nas semanas seguintes à derrota de Trump em 2020, para ajudar a financiar a contestação dos resultados.
"Essa mina de dinheiro tinha um fundo e penso que já lá chegámos", disse Hall, em declarações ao jornal The Washington Post, explicando que, desde 2021, o entusiasmo dos apoiantes de Trump tem vindo a esmorecer.
Mas este fenómeno não afeta apenas a candidatura presidencial de Trump, já que está a repetir-se na angariação de fundos para as campanhas para o Congresso, que decorrerão também em novembro.
Nesta corrida eleitoral, os candidatos democratas já conseguiram angariar 279 milhões de dólares, contra apenas 212 milhões de dólares dos republicanos, de acordo com números do comité de controlo de gastos do Congresso.