A deputada do Bloco de Esquerda, Joana Mortágua, anunciou esta terça-feira que vai apresentar queixa de um deputado do PSD que recorreu às redes sociais para criticar a realização numa escola pública de uma sessão de sensibilização “para as diferentes orientações sexuais”, dirigida a alunos de 11 anos, no Barreiro.
A sessão foi organizada pela Escola Básica 2/3 de Quinta da Lomba, no Barreiro e os dois docentes organizadores solicitavam aos alunos participantes o valor de 50 cêntimos cada, que seriam entregues à “Associação LGBTI” responsável pela mesma.
LGBTI é uma sigla para “Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros e Intersexo”.
O deputado Bruno Vitorino, do Barreiro, insurgiu-se no Facebook contra a realização desta sessão. No post publicado na passada sexta-feira, Bruno Vitorino dizia que esta sessão representava uma “vergonha” para o Governo, para o Ministro da Educação e para a Escola do Barreiro, e perguntava: “‘Sensibilizar’ alunos de 11 anos sobre ‘diferentes orientações sexuais’? Com associações LGBTI à mistura? Que porcaria é esta?”
“Cada um pode ser o que quiser, mas deixem as crianças ser crianças. Deixem as crianças em paz! Adultos a avançar sobre este campo junto de crianças é perverso. Isto tem que parar!”, afirmava, anexando uma folha com os detalhes da sessão de “Educação para a cidadania” que foi distribuída aos pais dos alunos.
Esta terça-feira a deputada Joana Mortágua, também nas redes sociais, anunciou que vai apresentar queixa de Bruno Vitorino junto da Comissão para a Igualdade de Género por aquilo que considera ser um “comentário inaceitável”.
“Deputado e vereador acha uma ‘vergonha’ e ‘porcaria’ ‘perversa’ uma sessão numa escola do Barreiro educar para a igualdade e sensibilizar alunos para as diferentes orientações sexuais. Comentário inaceitável”, diz, concluindo que ela e Sandra Cunha, também do Bloco, vão fazer queixa da publicação.
Logo no dia depois da publicação original, Bruno Vitorino voltou à carga, lamentando as ofensas de que estava a ser alvo e defendendo a sua posição original. “Nunca discriminei ninguém em função da sua orientação sexual, do seu partido político, da sua raça, cor de pele, religião ou clube ou seja o que for. Tenho amigos homossexuais, heterossexuais, e muitos que nem sei que orientação têm ou deixam de ter. Mas não aceito este tipo de ‘doutrinação’ nas escolas com miúdos destas idades. Ainda mais com associações totalmente duvidosas. Acho uma vergonha.”
O deputado conclui que “não são ofensas organizadas, isoladas ou em matilha que me vão condicionar. Aceito, como sempre aceitei, opiniões contrárias”.