Na comunicação que fez ao país na segunda-feira, Marcelo Rebelo de Sousa pediu rigor na execução orçamental. Na opinião de Jorge Braga de Macedo, o Presidente mostrou a importância que dá às instituições europeias, o que reduz o papel do ministro das Finanças.
“O ministro das Finanças neste caso concreto, neste Governo, não é nada evidente. O que me parece importante aqui é que o Presidente da República deu bastante peso ao enquadramento externo”, observou.
“É também a razão pela qual ele traz cá o presidente do Banco Central Europeu. Temos aqui uma consciência aguda por parte do Presidente da República do papel decisivo que têm as instituições europeias, que foram influentes durante o período da troika, e isso é um bom sinal”, aponta o economista.
Braga de Macedo diz que a forma como vai decorrer a execução orçamental é que vai demonstrar que peso tem o ministro das Finanças no actual Governo. O processo, considera, terá de levar em conta o plano nacional de reformas apresentado esta terça-feira. “O orçamento é tudo e o seu contrário, como ele [Marcelo] muito bem referiu. Agora vai-se ver o que acontece às medidas do Programa Nacional de Reformas e do programa de estabilidade, que são muito detalhadas e para vários anos.”
“Há que casar a execução orçamental de curto prazo e o endividamento com medidas para a competitividade, que são bem precisas, e também ver se os efeitos sociais do orçamento são aqueles que se esperam”, diz ainda Braga de Macedo.
“O comentário da Comissão Europeia foi importante nesse aspecto. O Presidente quis mostrar a importância capital para o nosso país de um orçamento que seja credível e bem executado”, conclui o antigo ministro das Finanças.