Foi precisamente há 50 anos que Neil Armstrong e Buzz Aldrin se tornaram nos primeiros homens a pisar solo lunar. A marcar o momento, deixaram uma bandeira dos Estados Unidos que ainda hoje está na Lua.
A bordo seguia uma pequena contribuição portuguesa, costurada por uma emigrante de Aveiro.
Só após muita insistência, apelando à importância da efeméride lunar, e até invocarmos o motivo de orgulho, Maria Isilda Ribeiro, quebrou o silêncio a que, nos últimos anos, se remeteu, sempre que abordada para falar do episódio que a tornou famosa, ao saber-se que foram as suas mãos a dar os retoques finais à bandeira norte-americana deixada na Lua durante a histórica missão Apollo 11.
Aos 20 anos, Maria Isilda Ribeiro rumou à América casada de fresco. Com a ajuda de familiares radicados em Nova Jérsia não demorou a arranjar trabalho numa fábrica de bandeiras, a Annin & Company, que será a mais antiga do mundo a laborar.
“Foi logo trabalhar. A minha sogra estava na fábrica e eu e minha cunhada fomos parar lá. Tinha aprendido a costurar com umas tias da minha mãe e fiz um curso cá”, contou na sua casa em Soza, no concelho de Vagos, onde goza a reforma.
Um dia chegou a encomenda 'espacial': uma imagem do símbolo mais importante do país, com 90 centímetros por metro e meio, em fibra de vidro e nylon, para se hasteada na Lua, a que “faltava coser as bainhas, a dobra para a haste e fazer alguns remates”.
“Foi segredo enquanto não se soube. Não foi só lá que mandaram fazer a bandeira. Acabou por ser essa porque era especial, uma fibra especial. A minha chefe é que disse que tinha sido essa, a que eu tinha eu tinha findo, que foi a escolhida”, recordou Maria Isilda Ribeiro.
A NASA nunca revelou quem forneceu a bandeira deixada na Lua por Neil Armostrong, gerando-se alguma especulação entre fornecedores, mas a Annin & Company garantiu que era a sua, versão que foi aceite para a História.
Maria Isilda Ribeiro voltou da América, onde tem filha e neta, para tratar dos pais na velhice e acabaria por não mais deixar a terra que a viu nascer há 73 anos.