A nova diretora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, da Igreja Católica em Portugal, nomeada esta quinta-feira pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), afirmou que “a grande prioridade” é a Jornada Mundial da Juventude 2023, em Lisboa.
“A Igreja portuguesa prepara-se para receber o maior evento dos últimos anos e dos próximos também. O Serviço Nacional estará muito empenhado em que as pessoas com deficiência também tenham todas as condições para se encontrar com o Papa, em Lisboa, em agosto do próximo ano”, disse Carmo Diniz, em declarações à Agência ECCLESIA, após a divulgação do Comunicado Final da 204.ª Assembleia Plenária da CEP
Segundo a nova diretora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD), “a grande prioridade e premente” é a próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e exemplifica que estão a ser criadas condições para que as pessoas com deficiência “possam aceder aos eventos centrais, nomeadamente à Missa final e à vigília com o Papa”.
Carmo Diniz que também integra o Comité Organizador Local (COL) da JMJ Lisboa 2023, está no Gabinete de Dialogo e Proximidade, salienta que este caminho está a ser feito há algum tempo e explica que têm várias áreas nas quais se debruçam para “promover o acolhimento das pessoas com deficiência na Jornada”: O acolhimento desde o início do planeamento, que estas pessoas “possam participar ativamente desde já, no planeamento e durante a jornada”, e a “preocupação” com uma comunicação para todos, isto é, que “todos compreendam as mensagens de divulgação e todas as outras inerentes” à JMJ.
Neste contexto, a responsável destaca ainda três níveis de preocupações muito práticos – “a mobilidade das pessoas com deficiência a acessibilidade dos espaços, e o alojamento e conforto que as pessoas precisam para ter uma boa Jornada” – e trabalham com um conjunto de parceiros “muito importante”, várias instituições e entidades, para os “ajudar a pensar e trabalhar estes temas”.
“Estamos ativamente a trabalhar estes temas, não é o COL sozinho, ou não é uma pessoa sozinha, que consegue neste contexto organizar o acolhimento a pessoas com deficiência. Temos que ser todos juntos, temos de estar todos com esta vontade e trabalhar para isso”, acrescentou.
Na semana anterior à JMJ 2023, realizam-se os ‘Dias nas Dioceses’, em 17 dioceses portuguesas, de 26 a 31 de julho, e Carmo Diniz refere que este caminho também está a ser feito, “através do COL em articulação direta com as várias dioceses”, as que participam nos DND e as dioceses de acolhimento da Jornada Mundial da Juventude.
“Desde o início começamos a trabalhar temas de acessibilidade dos espaços JMJ. É importante que os CODs [Comités Organizadores Diocesanos] saibam quais é que são os espaços acessíveis e façam um mapa para a pessoa com mobilidade reduzida. Sinto o interesse e a disponibilidade dos CODs para trabalharmos para além do tema da acessibilidade”, desenvolveu Camo Diniz.
A entrevistada salienta que, mais do que as igrejas serem todas acessíveis, “é importante a informação das que são acessíveis e não estão sinalizadas, para as pessoas não perdem a viagem”.
“Esta proposta de mapeamento foi feita aos espaços JMJ a nível nacional, e quando coincidem com igrejas ou outros espaços esse mapeamento pode ser feito. Esta sinalização positiva é muito, muito importante. Se for a propósito da Jornada Mundial da Juventude que sinalizamos as igrejas, a JMJ deixa um legado à Igreja diocesana”, desenvolveu.
Segundo Carno Diniz depois da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, que se vai realizar de 1 a 6 de agosto de 2023, o SPPD vai continuar o “caminho da construção” dos serviços diocesanos desta área pastoral, e terem “uma Igreja mais inclusiva para todos”.
Existem dioceses católicas em Portugal que ainda não têm este serviço implementado, e, segundo a entrevistada, é um caminho que “tem o seu tempo próprio para cada diocese” e tem que ser uma “força e uma vontade que vem da própria diocese”.
“Tem que ser a própria diocese a querer e a sentir a necessidade de ter o serviço. Já trabalhávamos nisso e vamos trabalhar ainda com mais afinco para que cada um queira fazer o caminho e que tenha também as condições para fazer o caminho. São as duas variáveis: Tomar consciência e ter as condições para atuar”, desenvolveu a também coordenadora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência do Patriarcado de Lisboa.
Carmo Diniz revela que recebeu esta nomeação com “alguma boa dose de responsabilidade” e “entusiasmo” por ver que a Igreja se preocupa com as pessoas com deficiência, recordando que o SPPD tem sido conduzido por duas pessoas – Isabel Vale e Alice Cabral – que fizeram “um caminho muito longo na inclusão das pessoas com deficiência na Igreja”.
“A doutora Isabel Vale e a doutora Alice Cabral foram extraordinárias durante muito tempo e num tempo talvez mais duro e mais difícil. Acho que se deve dar o devido agradecimento, trouxeram até 2022 e havemos de continuar o seu trabalho”, realçou Carmo Diniz.
A Conferência Episcopal Portuguesa, no Comunicado Final da sua 204.ª Assembleia Plenária, que decorreu em Fátima, de 7 a 10 de novembro de 2022, também nomeou o diácono Fernando Magalhães (Patriarcado de Lisboa) como assistente do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência.
O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, criado no âmbito da Pastoral Social pela Conferência Episcopal em novembro de 2010.