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A ministra da Saúde diz que a situação da pandemia em Portugal ainda vai piorar. Em entrevista à SIC, Marta Temido diz que o predomínio da variante Delta vai generalizar-se.
“Neste momento antecipa-se ainda uma fase de crescimento da pandemia em Portugal, que terá uma generalização do predomínio desta variante Delta”, disse.
"Há quem diga que nós nunca deixámos de estar na primeira vaga. O que é facto é que tivemos várias ondas e estamos agora numa quarta onda", salientou.
Aludindo aos casos no período mais recente, a ministra afirmou que já não há a "sensação de esmagamento" que existia em situações anteriores, em que se sabia que os mais idosos com Covid-19 tinham maior probabilidade de desenvolver doença grave e fatal.
"Agora há outra preocupação, porque também há casos graves e fatais, que são jovens, e é igualmente penoso", mas a pressão sobre o sistema de saúde é neste momento "ligeiramente diferente", disse Marta Temido, advertindo, contudo, que se o número elevado de novos casos se mantiver, alguns hospitais poderão vir a ter as mesmas necessidades que tiveram.
Vacina pode passar a fazer parte do programa
Questionada numa entrevista conduzida por Júlia Pinheiro no programa da SIC "Júlia" sobre se Portugal vai ter "um plano nacional de vacinas para todos" em que a vacina contra a Covid-19 vai estar incluída como acontece com a vacina do sarampo e outras, Marta Temido afirmou que "não havendo certezas é muito provável".
"O progresso da ciência colocou-nos neste momento a vacina como uma oportunidade que temos para nos proteger", salientou.
Relativamente às decisões tomadas para travar a pandemia, a ministra afirmou que, apesar de haver algumas em que se acredita mais do que noutras, sempre concordou com todas.
"Não somos neutros relativamente a todas as decisões que corporizamos (...) mas eu posso dizer, com tranquilidade, que todas as decisões tomadas até agora pelo Governo são decisões com as quais eu estive solidária, nas quais eu acreditei", vincou.
No entanto, considerou que se pudessem ser reescritas algumas decisões, provavelmente seriam desenhadas e comunicadas de outra maneira, apontado o que aconteceu com o Natal e as celebrações desportivas.
"Numa perspetiva estritamente securitária era tudo relativamente simples, dizia-se: fecha tudo, mas essa não é a postura em saúde pública, que é uma das áreas que melhor entende que é preciso construir equilíbrios entre a saúde física, a saúde mental, psicológica e a economia", acrescentou.
É muito difícil comunicar
Reconheceu também ser "muito difícil" comunicar em contexto de pandemia", explicar, por exemplo, o interesse que têm medidas como fechar os restaurantes às três da tarde ou a proibição de circular entre concelho.
"Não é nada fácil comunicar neste contexto, nestas zonas de sombra e sempre que a pressão alivia torna-se mais difícil ainda comunicar as escolhas, porque é mais difícil manter um fio condutor único", referiu.
À pergunta se já pensou alguma vez desistir do cargo de ministra da Saúde, Marta Temido afirmou que não.
Portugal tem vindo a assistir a um crescimento sustentado de casos positivos de Covid ao longo das últimas semanas.
Depois do Reino Unido, no final da semana passada foi a Alemanha a colocar Portugal na lista de países de risco e são já vários os concelhos que registam números de casos positivos por 100 mil habitantes que os colocam em posição de alto risco, regredindo no desconfinamento.
Esta situação é atribuída à variante Delta, que é mais contagiosa que as restantes e que se tem generalizado no país.
Em Portugal, morreram 17.086 pessoas e foram confirmados 875.449 casos de infeção, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
[Notícia atualizada às 21h30]