A Ordem dos Médicos diz ser tempo de tomar decisões e prevenir os efeitos que o novo coronavírus possa ter no próximo Inverno. Após uma reunião do gabinete de crise da Ordem, criado em fevereiro para monitorizar o avanço da pandemia de Covid-19, o bastonário Miguel Guimarães diz que não se pode perder tempo.
“Porquê agora? Porque achamos que é absolutamente essencial preparar o Inverno. As medidas que apontamos aqui são tudo medidas a pensar numa segunda onda que possa existir”, afirma à Renascença.
São seis as recomendações da Ordem dos Médicos:
1. Maximizar a eliminação da atividade viral durante o Verão, aproveitando as temperaturas mais elevadas, o aumento da radiação UV, a dispersão populacional e o encerramento das escolas;
2. Promover a realização precoce do teste de diagnóstico nos contactos de alto risco de casos confirmados, dotando as estruturas dos meios técnicos e recursos humanos necessários;
3. Equacionar a utilização da máscara facial em espaços públicos abertos e de acordo com a avaliação do risco local, sem prejuízo da adoção das outras medidas de prevenção da transmissão e contribuindo para a proteção de outros vírus respiratórios;
4. Elaborar legislação específica e de normas de Saúde Pública para a realização de eventos de massas com critérios uniformes e coerentes e, no âmbito da pandemia a SARS-CoV-2, de acordo com a avaliação do risco e o nível de atividade epidémica;
5. Facilitar o licenciamento, comercialização e aquisição de novos testes de diagnóstico para o SARS-CoV-2 e o vírus influenza, nomeadamente testes rápidos;
6. Antecipar a vacinação contra a gripe e a possibilidade de prescrição em receita com validade até ao final do ano.
Regras para eventos de massas “têm de ficar definidas”
Este é um dos pontos que mais críticas merece do bastonário da Ordem dos Médicos: regras, que “continuam a não existir, desde o início da pandemia”, para os eventos de massas.
“As pessoas vão discutindo nos órgãos de comunicação social se se faz a festa A ou B, se o jogo de futebol tem ou não tem assistência”, mas “isto tem de ficar definido de uma vez por todas” e “é o momento certo para o fazer”, defende Miguel Guimarães, em declarações à Renascença.
O bastonário fala em falta de planeamento eficaz. “Neste momento, [a comunicação social] vai estar se calhar a discutir a questão da Festa do Avante ou a manifestação não-sei-quê e continua sem haver regras”.
“Vamos ser objetivos: não há regras para os eventos de massas. As regras podem ser aquelas que a Direção-Geral de Saúde definir, mas depois têm de ser iguais para toda a gente”, conclui Miguel Guimarães.
Em Portugal, e de acordo com o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS), morreram 1.756 pessoas desde o início da pandemia, das 52.668 confirmadas como infetadas.
O número de casos ativos continua a trajetória decrescente, caindo para os 12.401, e o número de pessoas dadas como recuperadas continua a subir, totalizando 38.511 – ou seja, 73,03% dos casos confirmados.