O presidente da Câmara do Porto anunciou esta sexta-feira o encerramento dos cemitérios da cidade em 31 de outubro e 01 e 02 de novembro, justificando a decisão com a necessidade de desviar meios para cumprir a proibição de circular entre concelhos.
Numa mensagem vídeo publicada na sua conta da rede social Facebook, Rui Moreira explicou que a autarquia estava a trabalhar há mais de 10 dias num plano que permitisse que as pessoas pudessem prestar a sua homenagem aos seus familiares em condições de segurança, tal como foram garantidas em outros eventos da cidade, como a Feira do Livro.
"Ou seja, de forma organizada permitir que os cidadãos pudessem ir lá honrar, venerar e despedir-se daqueles que partiram e isso estava a ser preparado por nós com forças de segurança, bombeiros, com todo o cuidado", afirmou o independente.
Contudo, a proibição decretada pelo Governo de circular entre concelhos das 00:00 do dia 30 de outubro às 23:59 do dia 03 de novembro colocou o município perante a impossibilidade de levar por diante o plano que vinha a ser traçado para os cemitérios, uma vez que os recursos humanos que seriam utilizados são necessários para garantir o cumprimento do que foi decretado pelo Governo.
"Vai obrigar a que os recursos que temos disponíveis, nomeadamente a polícia municipal, estejam ao serviço dessa mesma missão. E por isso, mesmo não tive outra alternativa se não decidir, em função destas novas circunstâncias, ordenar o encerramento dos cemitérios no dia 31 [de outubro] e 1 e 2 [de novembro]", explicou.
Para minimizar o impacto do encerramento cemitério, a autarquia decidiu alargar, a partir de sábado, o horário dos cemitérios que passam a abrir 30 minutos mais cedo, às 08:00, e a fechar 30 minutos mais tarde, às 17:30.
"Pedia a todos que compreendessem. Este é um tempo de grandes dificuldades, todos nós temos grandes dificuldades em compreender estas circunstâncias, mas também é verdade que há um bem definitivo e supremo que nós pretendemos atingir: nós temos de ser capazes, nesta altura, de conter esta pandemia, de diminuir as infeções e isso só é possível se nos todos fizermos alguns sacrifícios", concluiu, apelando à população para que acate as "decisões das forças de segurança".
Apesar de admitir que há medidas que "dificilmente" são compreendidas, provocando cansaço, Moreira, defendeu que este é o tempo que cumprir o que está a ser pedido sob pena de condenar os mais frágeis "a morrer mais cedo" e confiando de que "num tempo futuro" ainda incerto, o país vai ultrapassar esta situação.
Portugal Continental entrou às 00:00 de quinta-feira da semana passada em situação de calamidade, devido ao aumento do número de casos de Covid-19, com novas regras restritivas para travar a expansão da pandemia. A situação de calamidade vai manter-se, pelo menos, até 31 de outubro, altura em que o Governo fará uma reavaliação.
Portugal contabiliza pelo menos 2.276 mortos associados à Covid-19 em 112.440 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).