Pouco depois das 8h00 as 70 macas do serviço de urgência do Hospital de Vila Franca de Xira já estavam totalmente ocupadas por doentes ali levados pelos bombeiros da região.
A partir dessa hora, e segundo alguns funcionários daquele hospital, os doentes que ali cheguem de maca dos bombeiros obrigam a que estes esperem que a mesma lhes seja devolvida, o que só acontece à medida que os doentes nas urgências forem triados e encaminhados para outros serviços. Enquanto a maca não for devolvida, a ambulância não pode circular.
A situação presenciada pela Renascença confirma as queixas feitas na terça-feira pelos bombeiros locais, que escreveram uma carta aberta sobre o assunto.
"A semana passada tive uma ambulância que deixou lá uma maca pelas 13h30, e foi buscá-la às 18h30. Há dois dias o INEM esteve três horas à espera de uma maca. E estive quase 40 minutos para levar um doente à triagem. É assim que o Hospital está a funcionar", diz Elviro Passarinho, o comandante dos Bombeiros de Vila Franca de Xira, que ainda assim diz ter sorte, devido à proximidade do Hospital.
Chegou a mandar regressar o pessoal de serviço à ambulância, deixando a maca que mais tarde era entregue – mas libertando o pessoal. "Não é bom nem é operacional, um serviço desses", desabafa.
Segundo alguns funcionários do Hospital, a situação não é de agora. Já quando aquela unidade era gerida por uma entidade privada, havia picos de afluência que provocavam o mesmo problema, mas a situação era rapidamente resolvida, garante Elviro Passarinho.
"Eu cheguei a ver camiões a descarregar macas em alturas mais difíceis. Macas que vinham do hospital de Cascais e de outros hospitais. Agora, há falta de macas", diz.
A situação agravou-se com a passagem, há seis meses, para gestão pública. Desde então, aumentou o número de doentes a serem encaminhados para este hospital. Com o inverno, a gripe junta-se ao aumento de casos de Covid dos últimos dias, e a situação vai piorar, espera o comandante.
"É o que se espera. Daqui para a frente, com a gripe, a situação vai piorar. Juntar a gripe à Covid vai ser pior ainda", sublinha Elviro Passarinho.
Hospital nega falta de meios
Ouvido pela Renascença, o presidente do Conselho de Administração do Hospital nega que haja falta de macas e que, esta manhã, já não existisse nenhuma livre.
"Havia macas disponíveis. Não havia muitas, mas havia macas
disponíveis, até porque durante este verão o atual Conselho de Administração do
Hospital de Vila Franca de Xira entendeu que devia reforçar o número de macas", diz Carlos Andrade Costa.
Andrade Costa estranha ainda a carta aberta escrita por 12 corporações de bombeiros, dado que nunca receberam "nenhum pedido de reunião, nenhuma situação de contacto direto".
[notícia atualizada às 15h57 com posição do hospital]