O assunto é delicado, mas o debate é saudável, diz o diretor executivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Europa, Robb Butler, quando questionado sobre a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19.
“As vacinas obrigatórias podem, mas nem sempre, aumentar o número de vacinados. Há lições de momentos na História em que a obrigatoriedade prejudicou a confiança e a inclusão social. Portanto, é um tema muito delicado, mas acreditamos que é tempo de ter essa conversa, do ponto de vista individual e da população. É um debate saudável para se ter”, afirmou em entrevista à Sky News.
Segundo Robb Butler, apenas 54% da população dos 53 Estados-membros da OMS na Europa são vacinados. “Há muito trabalho a ser feito ainda”, admite.
Ao longo da entrevista, o diretor executivo regional mostra-se preocupado com o aumento de casos na Europa e diz-se mesmo alarmado face à nova onda de contágios, sobretudo na Alemanha, na Holanda e na Áustria.
“Parece que teremos uma temporada preocupante pela frente”, conclui, adiantando que “a maioria das pessoas nas unidades de terapia intensiva não está vacinada”.
No entender deste especialista em saúde pública, a alta transmissibilidade da variante Delta (que responde por 99% dos casos), o inverno, a maior permanência em espaços fechados e a “diminuição da imunidade” das vacinas, especialmente após seis meses da última toma, são os fatores que estão a contribuir para a nova vaga de Covid-19.
Máscara pode reduzir mortes
Robb Butler recorre a um estudo publicado na semana passada no site sobre cuidados de saúde BMJ para dizer que 53% da transmissão do novo coronavírus foi evitada pelo uso de máscara.
Mas, apenas 48% da população do continente usam máscaras, acrescenta o representante da OMS.
“Se virmos esse número subir, veremos uma redução no número de casos e de mortes”, defende, prevendo que “o uso de máscara por 95% da população poderia salvar cerca de 160.000 vidas” na Europa.
Além disso, finaliza, “o que precisamos é que todos estejam vacinados”.
Recorde-se que, no passado fim de semana, vários países europeus foram palco de manifestações contra mais restrições para conter a pandemia, algumas das quais acabaram por dar origem a confrontos com a polícia e feridos.