O epidemiologista Manuel Carmo Gomes defende que em Portugal o aumento do número de casos de Covid-19 ainda não é preocupante, mas destaca a importância da vacinação.
Manuel Carmo Gomes, que também é membro da ‘task force’ de vacinação, afirma, em declarações à Renascença, que os números de casos e de mortes subiram, mas que não há razão para alarme.
“Para já, não é muito preocupante. Tivemos um aumento a partir de um nível muito baixo de quer de notificações de casos, quer de pessoas hospitalizadas. O número de óbitos também aumentou, mas partimos de um valor muito baixo - estávamos com uma média de 3,3 óbitos por dia em junho e agora subimos até aos dez”, explica o epidemiologista.
Manuel Carmo Gomes garante ainda que as vacinas são eficazes contra as novas subvariantes.
“São subvariantes para as quais esta vacina funciona bem, porque é feita com o ascendente próximo destas subvariantes e, portanto, protege contra a infeção.”
O membro da “task force” apela ainda a que as pessoas se vacinem para que possam ter um nível de anticorpos que as proteja contra a doença.
“Na maioria, já fomos vacinados ou infetados há mais de quatro, cinco meses. Portanto, houve uma descida da concentração de anticorpos no sangue e, em paralelo, o vírus evoluiu bastante na direção de conseguir fugir aos nossos anticorpos. É importante que as pessoas se preparem tomando o reforço da vacina.”
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) alertou, esta quinta-feira, para o recente aumento da transmissão do vírus da covid-19 na União Europeia e do Espaço Económico Europeu (UE/EEE).
"Nas últimas semanas, os sinais de transmissão do SARS-CoV-2 [responsável pela covid-19] aumentaram em relação aos níveis anteriormente muito baixos na UE/EEE", alerta a agência europeia, em comunicado.
Em agosto, salienta o ECDC, foram ainda notificadas deteções esporádicas de uma sub-estirpe do Ómicron que é "altamente divergente das estirpes de SARS-CoV-2", o que causa "preocupações quanto a um aumento das reinfecções se ultrapassar as variantes existentes".
O ECDC refere que as grandes concentrações de pessoas e o aumento das viagens nas férias sazonais, bem como a diminuição dos níveis de proteção imunológica contra a infeção na população, contribuem para o aumento dos indicadores epidemiológicos.
Em reação a estes dados, a ministra da Presidência afirmou, esta quinta-feira, que o Governo está a avaliar a tendência relativa a um aumento do número de casos de covid-19 em Portugal, mas adiantou que, para já, não vai tomar medidas adicionais preventivas.
Esta posição foi transmitida por Mariana Vieira da Silva no final da reunião do Conselho de Ministros, depois de questionada se o Governo admitia regressar à imposição do uso de máscaras em locais públicos fechados, designadamente em farmácias ou centros de saúde, tal como já acontece no Hospital de Santa Maria em Lisboa.
De acordo com a titular da pasta da Presidência, "neste momento, a avaliação é a de que não são necessárias medidas adicionais".
"Do ponto de vista da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), perante os números conhecidos, [a situação] mantém-se controlada. O que não significa que certos estabelecimentos não tomem decisões e que todos nós, em particular no contexto de relações com pessoas mais vulneráveis, adotemos cuidados que hoje, depois da pandemia, todos conhecemos", acrescentou.