A empresa ítalo-espanhola Iryo quer operar nas linhas de alta velocidade em Portugal, ligando o Porto a Lisboa e Lisboa a Madrid. O interesse foi confirmado pelo presidente da operadora ferroviária esta sexta-feira.
“Desde o princípio que nos propusemos a ser um operador ibérico”, declarou Simone Gorini, o presidente da Iryo, ao jornal espanhol “elEconomista.es”.
Simone Gorini também manifestou a intenção de continuar a alargar a operação em território espanhol, à medida que mais corredores ferroviários de alta velocidade sejam liberalizados por Espanha. Atualmente, as "flechas vermelhas" da Iryo chegam a Madrid, Barcelona, Sevilha, Málaga, Alicante e Valência.
A intenção da empresa operar em Portugal não é uma completa novidade. Quando a marca foi lançada, em meados de 2022, mostrou desde logo um mapa com os destinos onde ambiciona chegar, com Porto e Lisboa incluídos.
Entre os planos da empresa está a chegada à Galiza. Para isso, precisa de comprar comboios diferentes dos Frecciarossa 1000 (da Hitachi Rail) que usa, já que a linha muda para bitola ibérica a partir de Ourense. A única empresa que atualmente fabrica comboios de bitola variável capazes de circular a 300 km/h é a Talgo, com o modelo Avril que a Renfe vai começar a operar em março.
Alta velocidade Porto – Lisboa pode ter quatro operadoras
O interesse da Iryo faz da empresa a potencial quarta interessada na linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa. A Iryo é um consórcio que junta a Trenitalia, a companhia aérea Air Nostrum e ainda a Globalvia. A Trenitalia, a operadora ferroviária estatal da Itália, é a principal accionista da Iryo.
Também a Renfe pode vir a operar em Portugal, tendo a tarefa mais facilitada por já deter comboios de alta velocidade de bitola variável - o que vai permitir circular nas linhas portuguesas, em bitola ibérica.
Contudo, apesar de ter surgido a hipótese de a operadora pública espanhola querer ligar o Porto a Lisboa, apenas há uma intenção confirmada para Portugal: chegar a Évora em 2025, através da linha de alta velocidade que está a ser construída.
Do lado das empresas portuguesas, a B-Rail, do grupo Barraqueiro, mantém o interesse em explorar a alta velocidade no eixo Porto – Lisboa. Em janeiro de 2023, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes recusou o acesso da B-Rail ao serviço de passageiros no eixo Braga – Faro devido à falta de capacidade da infraestrutura atual, mas sublinhou a mudança de panorama com a eventual abertura da nova linha.
A CP tem previsto lançar este ano um concurso de compra de 14 comboios de alta velocidade, assim como de futuras unidades opcionais. A intenção foi expressa pelo Ministério das Infraestruturas, numa nota explicativa acerca do Orçamento do Estado para 2024 enviada ao Parlamento.
A abertura da primeira fase da linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa, com um custo previsto de 3,7 mil milhões de euros, está prevista para 2030. A segunda fase, que liga Soure ao Carregado, deve chegar a consulta pública no segundo trimestre de 2024, e abrir à operação em 2032.
Com as duas fases em operação, a IP diz que será possível realizar 60 serviços por dia na linha de alta velocidade. Entre esses, 34 podem ser serviços híbridos, que usam a linha de alta velocidade e a rede convencional para chegar a outras cidades.