Henrique Neto abandona PS com críticas à actuação de António Costa
22-07-2017 - 10:08

Ex-candidato à Presidência da República acusa Costa de responsabilidade dos mortos em Pedrógão Grande e diz que se trata de um “erro de casting”.

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O antigo deputado e dirigente socialista Henrique Neto vai abandonar o Partido Socialista, uma saída anunciada num artigo de opinião publicado este sábado no jornal “Expresso”.

Ouvido pela Renascença, Henrique Neto deixa duras críticas ao Governo liderado primeiro-ministro, António Costa, que acusa dar a cara pelas boas notícias e fugir quando acontece uma tragédia.

“A tragédia de Pedrógão, com 64 mortos em condições trágicas e horríveis e, mais grave do que isso, o facto de não se ter tirado nenhuma conclusão nem nenhum sentido de responsabilidade, ninguém ter assumido a responsabilidade, nomeadamente no Governo”, lamenta o empresário.

“Quem está no topo de uma cadeia de comando é que assume a responsabilidade. O comandante do navio é quem assume a responsabilidade pelo afundamento do navio. Este Governo e o António Costa especializaram-se em fazer a propaganda das boas notícias, mas quando há uma tragédia, foge”, acusa Henrique Neto.

A saída de militante do PS foi anunciada este sábado num artigo publicado no jornal “Expresso”. "É para mim óbvio que só me resta a decisão de me demitir de militante do Partido Socialista", escreve Henrique Neto.

Quanto ao caso do roubo de armamento em Tancos, o antigo deputado socialista considera que António Costa colocou "a sua cultura propagandística à frente do seu papel de primeiro-ministro".

Para Henrique Neto, a "recusa em esclarecer os portugueses" tem sido uma "forte característica" do actual Governo, com implicações em casos como o Banif, Montepio, Novo Banco ou Caixa Geral de Depósitos.

"António Costa é um bom executante da política à portuguesa e um erro de 'casting' como estadista e primeiro-ministro", escreve ainda o candidato à Presidência da República em 2016.

Henrique Neto, empresário de 81 anos, aderiu ao PS em 1993, convidado pelo então secretário-geral Jorge Sampaio. Antes, tinha sido militante do PCP, entre 1968 e 1975, tinha participado na campanha de Humberto Delgado em 1958 e foi, em 1969, candidato às eleições legislativas da Oposição Democrática pelo distrito de Leiria.