Deixou Moscovo, no ano passado, por causa da guerra e mudou-se para Portugal. Vitaly Gnatyuk não imaginava que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia fosse durar tanto tempo. “Eu achava que ia acabar mais cedo, no Verão”, começa por dizer em entrevista na Renascença.
Para Vitaly Gnatyuk, foi a cautela inicial do Ocidente em dar apoio à Ucrânia que dificultou a resolução do conflito e o arrastou até hoje. Ainda assim, apesar de lamentar o receio inicial do Ocidente em fornecer mais armas, Vitaly compreende os atrasos devido às dificuldades e a preocupações.
Vitaly Gnatyuk não acreditava que a Rússia pudesse levar a cabo uma guerra tão sangrenta. Diz que utilizando a razão e olhando friamente para a invasão era possível imaginar que o conflito atingisse a dimensão atual, ainda assim, como foi colega de Vladimir Putin na universidade, defende que achava que o Presidente russo fosse mais inteligente. “Ele é doente”, acrescenta.
Natural da Ucrânia e com a vida feita em Moscovo, Vitaly Gnatyuk deixou para trás amigos e família, tanto na Ucrânia como na Rússia.
Sobre os amigos russos, confessa ter tido muitas desilusões. “Há uma coisa inimaginável que é a propaganda. As pessoas continuam a ver televisão e a propaganda aumentou ainda mais. Já não tem cura, aquilo funciona mesmo! Eles são especialistas muito bons em decidir o que deve ser transmitido nas televisões”, diz Vitaly, referindo-se ao poder de influência do Kremlin nas televisões russas. De acordo com o antigo correspondente da Renascença, é a propaganda que muda o "mindset" dos que vivem na Rússia.
Já a família que tem na Ucrânia, procura abrigar-se todos os dias saindo de casa raramente, conta.
Um ano depois do início da guerra, o coração de Vitaly pede que a guerra acabe o mais depressa possível, “ainda este ano se Deus tiver piedade de nós”, diz.
Se não for este ano, chuta o fim do conflito e do regime de Vladimir Putin para 2024. Não acredita que o fim da guerra seja possível com o Presidente russo ainda no poder, porque, de acordo com Vitaly, Putin tem na cabeça a missão de reconstruir a Rússia do século XVII, no século XXI.