O Ministério do Ambiente e da Ação Climática admite o funcionamento "em laço" da linha circular do Metropolitano de Lisboa, mas remete uma decisão final para a empresa.
Num comunicado divulgado esta terça-feira, a tutela diz que a circulação na linha circular pode passar pelo funcionamento “habitualmente designado pela expressão ‘em laço’ ou a combinação destes tipos de funcionamento”.
“A decisão sobre o modelo de operação, simples ou combinado, será definida a seu tempo pelo Metropolitano de Lisboa, suportada pelos estudos de procura e de operação que o fundamentarão”, refere o gabinete do ministro Duarte Cordeiro.
O ministro do Ambiente esteve reunido com o secretário de Estado da Mobilidade Urbana, o presidente da Câmara de Lisboa, o presidente da Junta de Freguesia do Lumiar e a administração da Metro de Lisboa, para explicar a razão das intervenções que têm gerado perturbações na circulação e queixas da população, bem como a sua planificação.
“Não há qualquer alteração das decisões tomadas ou sobre a continuidade das obras em curso”, esclarece o Ministério no comunicado, onde adianta que “as intervenções em curso na estação do Campo Grande visam permitir a criação desta Linha Circular, sem colocar em causa a possibilidade de outros tipos de operação”, refere o comunicado.
O funcionamento da linha circular, tal como está definido, prevê que os passageiros que saiam das estações de Odivelas, Senhor Roubado, Ameixoeira, Lumiar, Quinta das Conchas e Telheiras tenham de fazer transbordo no Campo Grande se quiserem ir para outras zonas de Lisboa.
Com a circulação “em laço”, esse transbordo deixa de ser necessário e o comboio que sai da futura linha Amarela segue viagem pela nova linha circular.
As obras para a criação da linha circular foram anunciadas em 08 de maio de 2017 pelo presidente do conselho de administração da empresa, Vitor Domingues dos Santos, numa conferência de imprensa onde também esteve o então ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e o presidente da Câmara de Lisboa na altura, Fernando Medina.
Nesse dia, foi anunciado o prolongamento da estação do Rato ao Cais do Sodré, com duas novas estações na Estrela e em Santos, indo assim ligar as linhas Amarela e Verde, "fechando o anel e transformando—se numa única linha circular".
A expansão será feita através de um túnel de dois quilómetros até à Estrela e daqui para Santos, sendo a última fase de ligação entre Santos e o Cais do Sodré uma construção a céu aberto.
A linha circular foi muito contestada por movimentos de utentes e partidos políticos, e recebeu até uma recomendação da Assembleia da República (AR) para que o projeto fosse abandonado.
Em setembro de 2021, o então candidato do PSD à Câmara de Lisboa e atual presidente, Carlos Moedas, propôs uma solução de linha “em laço”.
Ou seja, "transformar a linha circular e a futura linha Amarela numa linha única em laço (Odivelas, Campo Grande, Rato, Cais do Sodré, Alameda, Campo Grande, Telheiras), para manter as ligações diretas (sem transbordo) de Odivelas, norte de Lisboa e Telheiras ao centro da cidade".
No início deste mês, o presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Ricardo Mexia (PSD), defendeu a mesma ideia.
A expansão da linha Circular, prevista inaugurar em 2024, tem um investimento total previsto de 331,4 milhões de euros. No entanto, em dezembro de 2018, o custo da obra foi fixado em 210 milhões de euros, valor revisto em junho de 2021 para 240 ME.
O Governo justificou em dezembro a revisão do investimento para 331,4 milhões de euros com "várias vicissitudes" no decurso das obras que não podiam ser antecipadas, "como singularidades geológicas não detetadas nas sondagens efetuadas e desconformidades entre os levantamentos cadastrais e as prospeções que antecederam as obras", o que obrigou "a desocupações temporárias, expropriações e reforços de construções existentes".
[notícia atualizada às 17h23]