O Papa Francisco aprovou esta quinta-feira as “virtudes heróicas” de Jerome Lejeune, que viveu entre 1926 e 1994 e dedicou a sua vida à investigação genética.
Este médico pediatra e professor de genética descobriu, em 1958, a existência de um cromossoma extra no 21.º par, durante um estudo dos cromossomas de uma criança. Foi graças a Lejeune que, pela primeira vez, se encontrou uma ligação entre uma deficiência intelectual e uma anomalia nos cromossomas, condição agora conhecida como "trissomia 21".
“Embora os resultados de sua pesquisa tenham ajudado a medicina a avançar em direção à cura”, diz a Fundação Jerome Lejeune na sua biografia, “esta descoberta costuma ser usada para identificar crianças portadoras dessas doenças o mais cedo possível, geralmente com o objetivo de interromper a gravidez”.
Na verdade, ao ver que o seu trabalho era utilizado para fins que desaprovava, Lejeune decidiu defender publicamente as crianças doentes, desde a sua concepção até ao seu fim de vida natural, e empenhou-se na luta contra o aborto e contra a pílula abortiva qualificando-a como o "primeiro pesticida humano".
Quando as leis pró-aborto começaram a ser elaboradas nos países ocidentais, Lejeune bateu-se em defesa e proteção dos nascituros com síndrome de Down. E, para além do seu trabalho científico, dedicou-se à defesa da vida, com centenas de conferências, encontros e entrevistas por todo o mundo.
Jerome Lejeune foi particularmente estimado pelo Papa João Paulo II, que o convidou para integrar a Academia Pontifícia das Ciências e, mais tarde, o nomeou presidente da Academia Pontifícia para as ciências da Vida.
A actual aprovação das virtudes heróicas de Lejeune pelo Papa Francisco significa que o processo de beatificação poderá avançar, desde que se reconheça um eventual milagre atribuído ao “venerável” médico francês.